24 agosto, 2007

tribos

Todas as sociedades estão pejadas de tribos. As sociedades intelectuais, ou com pretensões a, não fogem a essa praga. Nas com pretensões a, o flagelo é ainda maior. Por qualquer coisa que dê jeito, vai-se formando a matilha. É vê-los felizes e contentes nas suas ridículas farpelas, da pseudo convicção, do saber inquestionável e do “babanso” pegajoso tão só deles. Amassam as costelas uns aos outros com palmadinhas de mão mole e peganhenta, sorrisos ignóbeis amarelados. A distância maior que alcançam, é entre um e o outro e assim sucessivamente. Por ali gravitam. A jóia a pagar para quem queira aderir a qualquer uma delas, é anular-se enquanto ser pensante, despir-se de convicções, sobretudo das suas. Vestir-se de hipocrisia. Muita. Há também os grupinhos, que nunca chegam a tribo. Mas que são igualmente deliciosos. Enfim. É a vida. Deixá-los viver para que sintam (como alguém já aqui disse).
Pela primeira vez deixo aqui um pedido. A quem quiser e estiver em condições de o satisfazer e, assim o entender. Que vá até aqui.
Grato!
Bom fim-de-semana a todas/os.

17 agosto, 2007

uma existência com muitos buracos

Pode até parecer que por aqui não damos importância às coisas mais comezinhas do dia a dia. Puro engano. Toda e qualquer dúvida ou percalço existencial, por muito aligeirada que pareça, nos merece atenção e tratamento cuidadoso, não vá um pequeno pormenor, por desleixo, tornar-se num caso bicudo (ou rombo).

Hoje debruçamo-nos, quer dizer, debruçar, não nos parece o melhor termo, o debruçar, pode dar origem, a casos mesmo bicudos. Pensámos no termo abordar, também não nos parece o melhor, isto de abordar, pode dar azo, a ser interpretado como uma tentativa de assédio. Decidimos então utilizar o termo escrever, porque falar, num local destinado a escrever, também não se ajusta.

Vamos então escrever, sobre o buraco no peúgame e no cuecame. A esta altura, já alguns mortais que estão a ler isto, já começam a pensar, mas que raio de coisa tão sem importância, estão no seu direito. Mas já agora, tenham lá paciência e deixem-nos, dissecar, dissertar e outras coisas terminadas em ar, sobre o assunto (não significa em cima do assunto), mentes tranquilizadas, vamos em frente (na escrita, obviamente).

Verdade verdadinha, é que vamos no dia a dia retirando da gaveta, as cuecas e meias, que estão em melhor estado, até que chegamos ao dia em que só restam aquelas dotadas dos famosos orifícios, que o uso e a velhice lhes infligem, aí não há volta a dar, tem mesmo de ser. Ou porque não houve tempo ou vontade de lavar as melhorezinhas, ou porque estão ainda a secar. Por alguma razão, vamos religiosamente guardando, aqueles exemplares já cansados do uso.

Noutros tempos, era utilizado um ovo ou uma lâmpada eléctrica, para pontear e tapar o infortúnio de cuecas e meias. Dai a origem da expressão de macho, que arrotava a todo o momento: mete-te em casa, vai coser meias. Mas isso foi chão que já deu uvas (ou melhor meias e cuecas com costuras, mas sem buracos). Na época até se cerzia, como era bom cerzir, com seu ar namoradeiro, a Rosinha cerzideira.

Mas não adianta chorar sobre meias e cuecas furadas, agora os tempos são outros e cada um com os seus buracos (estamo-nos a referir aos das meias e cuecas). A questão só se torna problemática, quando por algum motivo imprevisto, temos de arrear a calça ou descalçar o sapatito. Uma ida ao médico inesperada, um encontro casual onde o devaneio, se liberta da roupa. Uma entrada na sapataria para experimentar uns sapatos, ao tirar o sapatinho, é que o dedâme espreitando inusitadamente, como a achincalhar-nos, nos expõe à vergonha. É aí que a menina da loja, se ri toda por dentro, e pensa: olha este, quer comprar um sapatito novo, mas não tem posses para comprar umas meias novas, (esquecendo-se também ela por momentos, das suas coisas rotas).

Nesses momentos, culpa-se sempre a mulher-a-dias que normalmente não temos. Lá sai a expressão: estou farto de dizer àquela senhora, para ter mais cuidado quando me arruma a roupa. Se a miúda da loja ou o pedaço do fortuito são boazonas, pode-se sempre culpar a esposa ou namorada, para lhes fazer sentir, que motivos não nos faltam para lhes enfeitar a testa. Somos mesmo infelizes, muito infelizes. Tão infelizes quanto o são as meias e as cuecas rotas.

Ouvimos dizer, porque ver ainda não vimos, nada como dizer a verdade nestas coisas. Não queremos que nos façam perguntas de pormenor e depois não temos respostas. Mas ouvimos dizer, que fizeram para elas, umas cuequinhas que já são dotadas de buraco estrategicamente colocado, aquilo deve ser para arejar, não estamos a ver outra razão. Mas higiénico é que não nos parece, usadas com saias deixa aquilo muito exposto a poeiras e outras agressões de meio ambiente, (ora, vocês sabem muito bem o que queremos dizer com: aquilo). Muito havia para escrever, sobre aquilo e isto. Mas parece-nos cer hora de zir, (gostaram do trocadilho? cerzir). Talvez numa outra ocasião voltemos ao assunto, para aprofundar os buracos.

Fiquem bem, cuidem dos vossos buracos ou não, isso fica ao critério de cada um/a.


Bom fim-de-semana a todas/os.

10 agosto, 2007

em jeito de resposta

Alguém disse, escreveu e cantou: “Não me obriguem a vir para a rua gritar”.

Não está aqui em causa a ideologia política, mas sim o significado da frase ou verso.

Ontem, hoje e, lamentavelmente no futuro, uma razão sempre actual.

Por aqui, gritaremos sempre, que o julgarmos necessário. Bem sabemos que são gritos incómodos, que ferem os tímpanos existenciais até dos mais pacatos e, sobretudo dos que são ou se julgam indiferentes.

Na verdade, pode até parecer que quando grito, a mágoa é minha ou melhor dizendo, pessoal. De facto, assim não o é. Se assim fosse, estaria eu, a colocar-me acima daquilo que realmente importa. Destaque que de todo eu não mereço.

Vejamos, se de facto os gritos aqui lançados, incomodam, ferem e, incomodam o bem-estar amorfo, a que deitamos a nossa existência. Se de facto fazem nem que seja um só ser pensante reflectir. Então já valeu a pena. O grito.

Uma coisa é o mundo em que vivemos. Outra coisa é o mundo em que queremos viver. Ou melhor. O mundo em que desejamos viver.

Sim porque, querer, é imensamente diferente, de desejar. Quando queremos temos vontade efectiva de promover a mudança. Quando desejamos, olhamos apenas com deslumbramento, o objecto do desejo. Permanecendo atolados nesse marasmo de deslumbramento e inépcia.

Comecemos então, por tentar querer, passemos depois ao querer tentar, façamos assim o caminho do, querer. Obreiros de firmes convicções. Até porque o tempo é curto, apesar de em alguns momentos, de forma enganosa, parecer uma eternidade.

Bom fim-de-semana a todas/os.

07 agosto, 2007

em jeito de amargo de boca

Numa caixa de um hiper-mercado, um macho, pai de crianças, ciente das suas obrigações e deveres, enquanto pai e ser humano, poisou as compras, tudo coisas essenciais, nada de extravagâncias. Nada de coisas supérfluas, bens alimentares de primeira necessidade e fraldas, ah esquecia-me, tinha também alguns iogurtes, para as crianças, a menina da caixa foi passando os produtos no leitor de códigos de barras, no final a os mostrador da caixa, ditava impiedosamente, valor a pagar X. O homem, suspirou, entristeceu e, disse: não vou poder levar os iogurtes para as crianças, porque só tenho Y. A menina da caixa expedita diz-lhe: vá ao Multibanco e levante dinheiro. Pois eu bem que ia, mas todo o dinheiro que tenho é Y, os meus filhos vão mesmo ter de passar sem os iogurtes, com muita pena minha………

Poderemos sempre dizer, se não pode ter filhos que não os tenha. Naturalmente nós juízes natos, temos sempre as melhores sentenças, para os “crimes” dos outros.

Esquecemo-nos porém, que para além da irresponsabilidade que graça por aí, lamentavelmente. Há também circunstâncias muitas vezes imprevisíveis, que alteram por completo, a vida normal de uma família, arrastando todos quantos delas fazem parte, incluindo as crianças, naturalmente.

Mas nós, os sabedores de tudo, os infalíveis, não achamos assim. Por isso viramos a cara para o lado e seguimos adiante.

Uns são contra a interrupção voluntária da gravidez, defendem a vida, pois fazem muito bem. É sempre de respeitar a convicção de cada um. Dizem também que há que ajudar essas mães e famílias, pois muito bem. Mas onde andam eles/as agora e nestes momentos. Salvo, honrosas excepções, ninguém sabe delas nem deles. Passou o momento do tempo de antena e da visibilidade, debandaram para outras paragens, onde sejam objectos das luzes da ribalta.

Outros são a favor da dita interrupção, também defendem a vida, dizem igualmente que há que ajudar essas mães e famílias, de facto assim deveria ser: Mas onde andam igualmente elas e eles. Novamente, salvo honrosas excepções, ninguém sabe. Debandaram sabe-se lá para onde. Normalmente aparecem sempre que há uma objectiva por perto.

Por aqui na “bolgosfera”, também se deita muita “faladura” a esse respeito, na maior parte dos casos, é pura hipocrisia. Bem sabemos que parecer solidário, fica bem. Infelizmente, também esta gente posa para a imagem, ainda que escrita. Vergonhosa farsa. Há também neste capítulo honrosas excepções.

Eu tenho andado por aí a divulgar uma “merda” de uns livritos que escrevi, 90% dos direitos de autor vão para instituições, de solidariedade social, que apoiam crianças e famílias. Pois não queiram saber, aparecem por aí hipócritas de ambos os sexos, a dizer que sim e mais que também, que vão comprar os livritos, porque também gostam de ajudar causas, e tal e tal…. (dão-se ao desplante de me escrever isto na caixa dos comentários). Claro que não compram nada, é só para se armarem numa coisas que eu estou agora a pensar, mas não escrevo. Mas porque raio afirmam por escrito tal coisa, se não o tencionam fazer? Já agora título informativo: Aquela “merda” daqueles livros, mesmo que não tenham qualquer qualidade literária, sempre servem como pisa-papéis, para equilibrar uma mesa num soalho desnivelado, ou outra porcaria qualquer.

Na verdade, a esse tipo de gente desejo-lhes que vivam, muitos e bons anos, mas por favor, façam-no longe daqui. Nesta pastagem não suportamos o cheiro a pedantes e hipócritas.

Mais informo, que com a venda dos tais livros, já amealhei um significativo pé-de-meia. Assim sendo já nem precisam de se preocupar em os comprar. Ide andando, que nós por cá vamos ficando.

Orgulho-me e muito. Acreditem que orgulho mesmo. Das honrosas excepções que a vida me tem permitido conhecer.

Continuação de óptima semana, para as honrosas excepções.

01 agosto, 2007

em jeito de mau cheiro

Assim, como quem não quer a coisa, mas danados para ferrar, assim vamos nós por aqui. É isso mesmo, mau feitio puro e duro.

Provoca-nos uma tremenda “neura” visceral, coisas como: através da escrita tentar criar uma imagem em absoluto diferente daquilo que se é. Utilizar os espaços públicos para enfim, se dizer que já se foi rico, mas que o infortúnio e a inveja os/as tornaram pobres. Ouvir teses sobre como se pode ser pelintra, miserável e sei lá mais o quê, mas utilizando uma maquilhagem, que de forma alguma o deixe transparecer. Quero lá saber se ficaram sem o BMW, que compraram com o cartão de crédito. Vão morrer longe que é para não cheirarem mal.

Já não bastava estes dejectos sociais, ainda aparecem juízes, a alegar que um determinado monte de dejectos, violador/pedófilo. Merece uma redução de pena por ter violado, um menor ou adolescente, uma vez que a vítima também teve prazer no acto. Naturalmente que se sua Exa. o magistrado proferiu tais afirmações, é porque presenciou o acto, e verificou com os seus próprios olhos, que a vítima teve no mínimo uma erecção, ou ejaculou durante a violação. Isto sim, isto é que é serviço, o meritíssimo, recolhe provas durante o crime, podendo assim julgar e aplicar a pena, com toda a segurança.

Claro que ainda é pouco, veio agora um outro meritíssimo, aquando da leitura da sentença de um tipo que foi em tempos agente de autoridade, que matou três jovens, exactamente, três jovens e depois de mortas ainda lhes fez mais umas patifarias. Mas dizíamos nós, veio o tal meritíssimo dizer, qualquer coisa como isto: que aplicavam a justiça em nome do povo, mas que o povo não tinha como os influenciar. Mas perguntamos nós, Burros à força toda. Mas afinal, numa democracia, tanto quanto julgamos saber, só age em novo do povo, quem o povo elege. Lamentamos, mas desconhecemos eleições para juízes.

Uma coisa o povo sabe! Que os alimenta e bem! Outra coisa o povo também sabe! Que os meritíssimos o lixam e bem!

Bem sabemos que isto não agrada a quem está de férias, mas o mundo não pára. As sacanices também não.