um grito em cada verso
ilusões meio ardidas
de poeta discursando à lua
quais beatas de cigarro
nem nos olhos nem na pena
lhe brotam palavras felizes
o mundo a sangrar discórdia
nuvem de todas as nuvens
arame farpado de preconceitos
a sombra pesada no peito
depois mentem-lhe
mentem-lhe sempre a eito
em sementeiras de antolhos
e na fúria sagrada do poema
sem medo de punhais ou infâmias
de olhos bem abertos fixando o mundo
ouviu-se um grito em cada verso;
sacripantas, mangas de alpaca,
cata-ventos miseráveis, pulhas do universo,
abaixo a morte e a mentira, abaixo a morte
e a mentira! abaixo! abaixo! abaixo! abaixo!