21 março, 2010

falta-me a outra margem

falta-me a outra margem; textura de carne rubra. uma febre que me ausculta as têmporas. coxas coroadas pelo baixo ventre em chamas. o sabor. o néctar. os sons que brotam dos seios nas mãos estendidas. as pausas como se fossem gritos mudos. a vertigem dos gemidos penetrantes; como se de uma lua quebrada se tratasse. tenho a memória – falta-me a outra margem.


[por acaso nasci hoje; mas já foi há muito tempo]

[d c; são duas letras e uma alma]

06 março, 2010

magnitude e simplicidade

início do texto o princípio da manhã. na face da folha habita a página, o seio da escrita; vegetação e água viva. entre uma e outra margem; o silêncio é adiado. um barco; uma varanda sobre as águas. os olhos a presença da água; ondulação completa. quilha de gaivota; a rasgar a infinita plenitude. nomes simples; rostos nus. não esperes – habita uma planície.