as memórias são um livro
no banco corrido de madeira
estendido no velho soalho do alpendre
está sentada a velha senhora
sorriso tão alvo quanto o branco dos seus cabelos
há cravos e sardinheiras no pedaço de terra sobre o muro
o pátio amplo a cozinha do forno o marmeleiro ao fundo num canto
a porta de saída para o quintal a laranjeira a nespereira
os corrimões de videiras as nogueiras a ameixoeira os pessegueiros
a horta as oliveiras o sol na terra onde se colhia até vida
isso foi há tanto tempo!
agora não há mais a velha senhora o banco corrido de madeira
o alpendre está vazio os cravos e sardinheiras esfumaram-se
a cozinha do forno é uma ruína o marmeleiro já não existe
o pátio amplo coberto de ervas daninhas é um exílio de sombras
isso é uma espécie de presente onde florescem angústias!
4 comentários:
O único comentário que consigo deixar-te a este post é um enormeeeeee beijo (tu sabes porquê)
as memórias são os retratos tirados com o coração
um abraço sincero
beijo
....
As memórias são sempre livros, infelizmente não escritos, cujos textos, se se não perdessem no silêncio das almas, ou no esquecimento da distância, enriqueceriam a humanidade.
Um abraço
À procura de um texto dos Trovante aterrei aqui... em boa hora. Excelente poema, e já vi que é um Blogue para investigar e conhecer.
Parabéns ao Autor e... até breve.
Mário Cordeiro
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