excerto
o vento uiva lá fora incessantemente dando voz aos sonhos em ruína por todo o universo. qual síntese da minha vida às avessas, nirvana da minha alma. a minha angústia clandestina que não me é permitido confessar publicamente – coisa de frouxos – segundo a lei social vigente. só eles; os frouxos, é que podem ter o descaramento e a fraqueza, de coexistir com a sensibilidade. e podem, por já estarem condenados a pena perpétua. o ceptro da aparência é soberano e impiedoso, brutal e indiferente. não podemos ser em público o que somos no refúgio da alma, porque a ambição odeia contacto da alma com a vida.
ardem-me os olhos, arde-me o corpo desde onde começa até onde termina, nas extremidades o ardor é mais agudo. e quanto mais a minha vida se dilata, mais avultam os defeitos. coisas da fraqueza e desatenção, a tragédia singular da banalidade de uma vida comum. os sonhos intrometem-se na vida e a vida priva-nos deles. só os que têm a coragem de enfrentar o julgamento e cumprir a pena, são capazes de sonhar verdadeiramente, porque acreditam no que sonham, e acreditar no que se sonha, é acreditar que se pode ser feliz.
ardem-me os olhos, arde-me o corpo desde onde começa até onde termina, nas extremidades o ardor é mais agudo. e quanto mais a minha vida se dilata, mais avultam os defeitos. coisas da fraqueza e desatenção, a tragédia singular da banalidade de uma vida comum. os sonhos intrometem-se na vida e a vida priva-nos deles. só os que têm a coragem de enfrentar o julgamento e cumprir a pena, são capazes de sonhar verdadeiramente, porque acreditam no que sonham, e acreditar no que se sonha, é acreditar que se pode ser feliz.