13 junho, 2013

sofrósina;


disseram-lhe que tinha de andar sem pernas e morrer sem apelar à morte. disseram-lhe que tinha de ser assim em nome de tudo quanto desconhecia. uma espécie de estupidez ao  jeito de lua-cheia e cio. nunca se preocupara com o preço dos vasos de manjericos. manjericos conhecia muitos. sabia dos submarinos como toda a gente. à noite fala com o vento que ralha. a culpa é de um trimestre chuvoso – disse o outro. da mente esconsa do grande chefe, emergem nevoeiros e vertigens, que o fazem sentir cada vez mais longe de casa, mais longe de si. a vida não é senão uma réstia de mentiras agoniadas. um sufoco.

decidiu pelo privilégio de pensar pela própria cabeça. os armazenistas, os especialistas e a governação não acharam graça – nunca acham. preferem a anuência prenhe de benesses e adulação. mas ele decidiu que estava na hora de os mandar - mandou-os – e foi à vida dele.

09 junho, 2013

a respirar a respirar a respirar

sobre as alvenarias caídas voarão os pássaros em direcção ao sul como é conveniente. há a rouquidão das janelas e as portas boquiabertas escancaradas. fundos testiculares a verter dos cueiros. nada de excrementos e ladaínhas imprecatórias. andam por aí dinossauros - andam. andam por aí apoucadores(as) - andam. andam por aí citadores(as) - andam. há quem me queira num sono fossilizado - há. tempest...uoso rasgarei a pele da terra. em tempos alguém escreveu e disse: que eu poderia atirar as minhas palavras ao vento que elas nunca se perderiam - mas agora não. agora tudo está perdido. não, nada está perdido e eu continuarei a atirar as minhas palavras as todos os ventos. e nunca se perderão, porque as minhas palavras, tal como eu - sabem voar. sabem.

08 junho, 2013

a respirar por imperiosa necessidade

ando agoniado, constantemente a caminho do vómito. esta coisa da intelectualidade e do in, que os/as leva a vociferar que não gostam de fado, que abominam futebóis. trapum! anzóis! que não deitam o olho ao splash e à fany e ao pai da fany e outros da mesma fauna. mas deitam!; deitam os olhos e babam-se e lambuzam-se! e, depois para se purificarem até são capazes de ir aos chás-literários, sardinhadas-literárias, à ópera e ao teatro, e…, e…, e!
assim como as guerras têm os heróis que merecem, também a cultura tem os intelectuais que lhe impingem e que se lhe oferecem. às vezes não passam de electrodomésticos avariados. rasga. rasga. rasga. lambe. lambe. lambe!
um dia conto-vos uma história. hoje não é dia.