22 dezembro, 2012

7º Aniversário desta pastagem

Com mais ou menos assiduidade, já lá vão sete anos e 600 "postagens".
 
Aos amigos, leitores e visitantes, o meu muito obrigado pela vossa presença.
 
Votos de Feliz Natal e Bom Ano de 2013.
 
Um abraço.

21 novembro, 2012

Dá Alpina ao menino, Abílio!


Dá Alpina ao menino, Abílio! Dá Alpina ao menino, Abílio! Gritava a mãe debaixo do telheiro no pátio a fazer palitos de flor.

Não dou! Não dou! Esta comprei eu no Toino da Venda com o meu dinheiro! Respondia o Abílio aos berros na cozinha de paredes encardidas pelo fumo, na trempe a panela negra como a fome cozia couves quase todos os dias.

O menino chorava alto até se esquecer.

Era um desassossego diário à dejua e à merenda, sempre que o Abílio conseguia desencantar uns tostões por via de qualquer ajuda que prestava a um ou outro vizinho, e lá ia ele ao Toino da Venda. Sim, era à dejua e à merenda, que pequeno-almoço e lanche só se usavam na vila.

Lambuzava-se o Abílio com Alpina espalhada na broa de côdea queimada a propósito na cozedura para amargar e travar a gula.

Os gritos da mãe, os berros do Abílio e o choro alto do menino, ecoavam aflitos pelos quelhos e telhados do casario da aldeia, quintais e poios até se perderem em eco pelos pinhais.

Um retrato de há décadas, que está a renascer, como se fosse o destino de toda a gente – ou quase toda – para melhor dizer.

20 novembro, 2012

ou a vida

porcos sem asas cuja ambição é sujar o mundo. mas atenção; boas intenções não bastam para erguer uma obra de arte, ou a arte em livro. ou a vida meus senhores, ou a vida minhas senhoras. esta noite ouvi o pio da coruja, tinha uma alma dentro. depois ouvi o cão do vizinho a ladrar, tinha pelo menos duas almas dentro. depois chegou o Luis Pacheco e a seguir o Alexandre O'Neill, a partir daí não houve mais sossego. voámos por cima dos telhados, eram três da manhã, enquanto os outros aproveitavam o sono, uma mulher atirou-se do último andar com a vida suspensa pelos cabelos, e nós transpirámos nas nuvens a tocar flauta até o vento ficar dorido.

01 novembro, 2012

um país finado(s)


Um (des)orçamento aprovado na generalidade na véspera do dia de finados - um feriado finado – pela maioria finada de que tem ao colo um (des)governo finado. Com sua santidade D. Aníbal – calado – obviamente também (con)finado à sua religião adorada – o silêncio tabu – ou a cobardia mal-educada de mastigar bolo-rei.

O cê e o guê, apostados em castigar este povo piegas e mandrião, que só pensa em educação e saúde de graça, que tem a ousadia de exigir as reformas para que descontou a vida inteira. É notório e visível a olho despido, quer no cê quer no guê, aquele semblante carregado de asco ira desprezo e ódio – ah povo malandro avezado a costumes crenças direitos e feriados! - está lá tudo, naquela cólera de lixo.

Somos (des)governados por um bando de púrrias. Que se riem despudoradamente tal e qual coveiros estúpidos enquanto nos enterram vivos no parlamento, nos gabinetes e nos banquetes.

E tu povo? Estás encostado à parede que nem musgo. Vais acabar por esquecer o caminho para a escola. Vais adoecer e morrer a caldos de galinha. Vais resignar-te a ser pobre e humilde como a terra que trabalhas, fazendo renascer a profecia do botas? Estás à espera que a Bandeira ganhe unhas para não lascares as tuas? Uma espécie de troncos com olhos mas sem cabeça. Floresta a definhar, homens-árvores de onde só cai noite. Sono. Sono. Sono. Sono. Sono. A dormir. A dormir. A dormir em enxergas de névoa.

31 outubro, 2012

coisas de pasmar

hoje à tarde, com o país e as pessoas numa lástima, com tanta coisa a acontecer que nos afecta a vida irremediavelmente; o canal da RTP Informação a vender frigideiras a 39,99€. serviço público, não haja a menor dúvida.

27 outubro, 2012

respirando

como é bom vegetar numa imensa paisagem de palavras, alisar o mundo e aquecer as mãos. - silêncio de ler - agora despeço-me sem pena de mostrar alguma alegria.

14 outubro, 2012

apenas por necessidade de respirar

os conhecidos que não me conhecem:
não sabia que você era escritor.

eu que mal-me-conheço:
sim, às vezes sou escritor; outras acho que sou; outras vezes apenas pareço que sou, outras nem isso.

23 setembro, 2012

de outro romance em construção


      Querem-nos como caracóis, invertebrados rentes ao chão dos muros sem largar baba nem ranho a definhar numa caminhada lenta e agonizante sem nenhum destino. Faz muito tempo adormecemos colectivamente em certo reinado e filiparam-nos durante seis décadas, passado esse tempo, segundo reza a História, foi durante uma soneca dos malfeitores que levantámos cabeça e recuperámos o território e o orgulho. Agora adormecemos de novo e vieram os trividentes, sentaram os seus ilustres traseiros em cima de nós e cá estamos uma vez mais sem honra nem glória, numa espécie de sossego dos iludidos. Era nisto que pensava o Seixas, sentado numa pedra como se velasse um pássaro morto, na Ponta dos Corvos.

03 agosto, 2012

poema quase bucólico

nestes rochedos pejados de séculos,

os tabaibos debruçados nos silêncios das escarpas.

há esta frescura marinha,

sopros de fadas das brisas, instantes de sonhar neles.



gnomologia  que me retém,

numa acalmia quase alheia desenhada pelos elfos.

neste mar raso de ondas,

isento de tédio humano há um barco feliz a soluçar.



não há rugas na minha alma,

embevecida pela ternura dos murmúrios das aves.

fico por aqui esquecido do tempo,

alimentando o sonho para do sonho poder viver.

05 julho, 2012

Livraria Parlamentar - Assembleia da República



Dia 3 de Julho, na apresentação dos livros Memória das Cidades e Máscara da Luz, de Vítor Cintra e António MR Martins.

28 junho, 2012

Apresentação do livro "Memória das Cidades"



Na próxima terça-feira, dia 3 de Julho, a partir das 18:30, estarei no local indicado no convite a apresentar o livro de poesia "Memória das Cidades" do poeta Vítor Cintra, trata-se de uma extraordinária lição de História, compilada em verso.
Cliquem na imagem para uma informação mais completa e, compareçam.

17 maio, 2012

Apresentação da Revista ALEF em Ponte de Lima



No próximo dia 1 de Junho, estarei presente em Ponte de Lima, na Apresentação da Revista de Literatura Ibero-Americana, ALEF.

A ter lugar no Arte e Baco às 21:30

A revista terá nesta edição a plublicação de poemas meus e de mais três autores portugueses, bem como as repectivas fotos, notas biográficas e bibliográficas.

Para que isto fosse possível, foi fundamental o empenho e a dedicação do meu amigo escritor e poeta, José Ilídio Torres.

Aos amigos e leitores que estiverem por perto, deixo aqui o convite em jeito de desafio para que compareçam.

25 abril, 2012

Para mim Abril também tem este significado!

Enormes são aqueles que se entregam a construir o impossível.

Assim foi Miguel Portas e continuará a ser porque o seu exemplo vai perdurar para além da sua existência terrena. E, a grandeza de um ser humano, não tem cor partidária - é, isso sim; património de um povo, de um país, que é o nosso - Portugal.

Abril Sempre! Mas Também!

A propósito de liberdade:

A liberdade não é um direito, é um dever!

No meu curto entendimento, acho que se ela fosse assim encarada, a situação seria muito melhor, quer no nosso país quer no resto do mundo.

Mas isto é o que eu acho, sei lá; sei lá quanto vale o que eu acho – sei lá.

07 abril, 2012

excerto de romance em construção


… – Não sabemos de uma palavra, não sabemos de uma ideia, que nos recomponha e nos recomponha a vida – não temos e não sabemos. Mas o que é uma palavra?, mas o que é uma ideia? mas o que é recompor a vida? – mas o que é a vida? Silêncio. E eu desligado e dissimulado nas sombras do escritório. A casa deserta. Eu abismado perante a ausência que nos ocupa a casa toda; e nós somos como a nossa casa – apenas e só habitados pela ausência – ou a casa não fosse a nossa.

[Breve virá a noite]

     Aqui estou enrodilhado no que me atormenta – e eu que em tempos sabia o que era audácia – e agora este inverno de futuro; e agora?

19 fevereiro, 2012

Lançamento da Antologia de Poesia Contemporânea "Entre o Sono e o Sonho" Volume III



No próximo dia 25 de Fevereiro às 15:30h, será efectuado o Lançamento da Antologia de Poesia Contemporânea “Entre o Sono e o Sonho” Volume III. A ter lugar no Zeno Longue – Casino Estoril.

Da qual tenho o privilégio de fazer parte.

Edição da Chiado Editora
Selecção e organização de Gonçalo Nuno Martins

31 janeiro, 2012

ainda a dizer-me, sei lá...


em pousio - acometido de um surto de pardo sossego; já que escrever não é tarefa, ler não é ocupação, inteligência é coisa que a ignorância não suporta. quero lá saber; até porque cultura não é ministério é secretaria. antes de sair vou ousar - coloco um broche alaranjado na lapela - rosa já não é moda.