30 abril, 2008

De regresso e com poesia nos bolsos

Como vos tinha dito andei por aí, e passei na Escola Mestre Domingos Saraiva, em Algueirão, Sintra. Aqui podem ver as imagens, basta clicar. De lá, para além de amizade, afecto e partilha, trouxe também poemas escritos por alunas e alunos da escola, que a partir de hoje aqui deixarei um desses poemas todos os dias.
Faz de conta que eu sou pato.
Eu serei água no sapato.
Faz de conta que eu sou gato.
Eu serei bicho do mato.
Faz de conta que eu sou peixe.
Eu serei escamas.
Faz de conta que eu sou folhas
Eu serei orvalho
Que voa e voa
Sobre as tuas estradas.
Inês Rato

24 abril, 2008

eu nasci rio (a propósito de liberdade e tal)






Como eu queria, mas queria mesmo tanto, que na minha memória não restasse um só pedaço, de toda esta podridão.

Querem-me escravo; da lassidão, da incúria, da inépcia, da iletracia, da vulgaridade.

Não!

Eu nasci rio para correr livremente e transbordar as margens sempre que for preciso.

antónio paiva

P.S.
Para que conste; eu vou andar por aí, passando por ali, depois regresso aqui.

Até já!

23 abril, 2008

breve V





acordar à noite com o peso da dúvida no peito. escrever duas ou três linhas para convalescer. enchendo gavetas, e a tristeza pára nos meu olhos.
antónio paiva

21 abril, 2008

breve IV

(fotografia antónio paiva)

há momentos que valem todo o ímpeto do corpo no enaltecer da alma.
aqueço nas mãos as palavras quando na boca me arrefecem.
na ausência dos lírios lanço pássaros ao céu, por enquanto azul.
antónio paiva

20 abril, 2008

breve III





pergunto-me tantas vezes nas palavras que uso, se delas se pode extrair algum sentido. se as digo calando. ausento-me. tempo real e fictício, verdadeiro e falso. perscruto a curva do caminho. na água o abandono dos olhos.

antónio paiva

17 abril, 2008

excerto II



...

"O pássaro poisou no ramo do pinheiro junto à casa e cantou para dentro. Os sons têm o dom de mudar os olhos e os sentidos. Assim os dias reformulam os seus discursos. Neste espremer das dúvidas até fazer verter a indiferença das palavras. Nesta coutada de palavras, onde tenho um papel secundário, de caçador viciado, perseguindo as peças de caça, para que a magia aconteça. Uma ou outra vez lá acontece, o triunfo inesperado, a criação de um ou outro parágrafo de leitura."...

excerto de texto
antónio paiva

16 abril, 2008

tenho-te

(fotografia antónio paiva / um dos meus amanheceres esta semana)

nesta ferida aberta
que não quero tratar
tenho-te

em sangue
em fogo
tenho-te

nesta ilha tão longe
em mar…
é onde mais te tenho
antónio paiva

12 abril, 2008

breve II






às vezes nascem-me pequenos poemas nas mãos.
germinam como ervas tenras e frágeis por entre os dedos.
a fonte são os lábios quando a sede me atormenta.

antónio paiva

07 abril, 2008

Excerto

...


Às palavras tudo darei, até a minha vida, a minha morte não serve para nada, por isso a guardo para mim. Há uma linha de terra que separa o mar dos meus olhos, um extenso areal de palavras onde estendo o corpo e a mente, uma linha azul lá longe a separar o mundo da minha boca. Ainda assim, há sonhos em que adormeço com os olhos despidos de pálpebras, celebrando a vida no limiar das têmporas. Momentos em que os silêncios nus de torpores desenham planícies. Searas verdes e árvores sapientes que me suportam a cabeça. Mais tarde loiras espigas de trigo que se me afeiçoam aos lábios enquanto bebo a frescura da sombra.
...
(excerto de texto)
antónio paiva

04 abril, 2008

Inconfidências do SiteMeter



Às vezes dou-me ao “trabalho” de ir vasculhar o SiteMeter cá da pastagem, para averiguar de onde vêm e por que vêm perder tempo aqui na pastagem.

Por que vêm, nem vos digo nem vos conto (tudo) é claro, por que até nós (donos da pastagem) zurramos e coramos de vergonha, com o que digitam na pesquisa do Google e vá-se lá saber porquê aqui vêm pastar (aterrar).

Mas esta, não conseguimos resistir em partilhar com a clientela visitante (para a qual fazemos de conta que escrevemos) aqui fica a frase digitada no Google que trouxe mais uma pobre alma até cá:


“orações para passar nos testes escolares”


E nós Burros cá do sítio julgávamos que para passar nos testes escolares a única prece viável era estudar.

É tão bom e aliciante viver no século XXI.


Bom fim-de-semana a todos.

Viagens

(fotografia antónio paiva)

Todas as viagens começam antes da partida.


03 abril, 2008

Cada um luta com as armas que tem





Apetece-me jogar-lhes com o saber das palavras em cima, para soterrar tanta ignorância.