27 dezembro, 2008

in Genéricos 6

Hoje entreguei-me ao fazer nada, porque o fazer nada me distrai, como se a vida fosse um feriado, que me dispensa do tédio. A fadiga cansou-se de me impor tarefas, por saber que substituí o agir pelo compreender. Já ouvi dizer que isso era uma questão de sensibilidade. Mas se dediquei noventa e nove por cento da minha existência à coisa material. Agora almejo alguma inteligência.

uma espécie de escritos avulso
para ler sem receituário

antónio paiva
  • Despeço-me de todos vós até 2009.
  • Desejo-vos um Excelente Ano.
  • Não se esqueçam que da adversidade nascem as grandes oportunidades.
  • Vamos à luta.
  • Um enorme abraço a todas/os.

22 dezembro, 2008

3º aniversário desta pastagem

No dia 22 de Dezembro de 2005, deu-se início à sementeira desta pastagem. Desde então, com mais ou menos disponibilidade, com mais ou menos vontade e capacidade, tem-se procurado fazer com que não seque.

Entre algum passado e o presente, pode ser que até haja algum futuro. A ainda breve história deste sítio; é feita de palavras e algumas imagens, umas vezes com algum interesse, outras assim-assim e, outras coisa nenhuma. Também é feita dos que por cá passam, uns de modo visível, outros de modo discreto. Mas, todos eles são para mim muito importantes. Um agradecimento também, aos que já por cá andaram, mas que, por razões diversas tomaram outros caminhos, sim, porque a vida não é de caminho único.

Isto para vos dizer o quanto a todos estimo, e que é muito. E ao mesmo tempo manifestar a minha gratidão. Esperando poder continuar a contar com as vossas preciosas visitas e apoio.

No calendário pode ver-se que é época natalícia, mas não me vou alongar sobre isso, direi apenas; que o Natal me entristece cada vez mais.

Que o vosso Natal, seja aquilo que vocês mais desejarem. Sejam felizes, e procurem fazer alguém feliz.

Um grande abraço a todas/os.

21 dezembro, 2008

in Genéricos 5




Corre um fio de água no ribeiro, a levar o queixume da minha tristeza. Além pega de estaca o salgueiro, como é belo o tenro verde que viceja. Do seixo transpira o sofrimento da alma, fraca é a natureza humana. Aquieto-me só e com calma, no instinto regenerador que da natureza emana.

uma espécie de escritos avulso
para ler sem receituário


antónio paiva

20 dezembro, 2008

in Genéricos 4





Ao amor o tempo sempre lhe foi curto, enquanto cresce a vontade dos que o partilham. Ainda há pouco, mesmo há muito pouco, vi o poeta tocar com o dedo na paisagem. E dissipou-se a névoa da frescura da manhã, surgiu então a imensa página azul do oceano.

uma espécie de escritos avulso
para ler sem receituário

antónio paiva

19 dezembro, 2008

in Genéricos 3





Como se tudo fosse um absurdo – até o sonho. Como se tudo fosse ridículo – até esculpir silêncios. E abdicar do amor como quem desmancha o universo. Assim, como quem se despoja de tudo – e nada mais lhe pode ser subtraído.

uma espécie de escritos avulso
para ler sem receituário

antónio paiva

18 dezembro, 2008

in Genéricos 2

Tomara que fosse real a transmigração de almas entre os corpos. A sublimar a multiplicação do autêntico. Tomara que a promiscuidade não atingisse o cerne da razão. Que nenhuma força por mais hostil que fosse, vergasse a verticalidade ou pervertesse o instinto.

uma espécie de escritos avulso
para ler sem receituário

antónio paiva

16 dezembro, 2008

in Genéricos

Num vagueio impregnado de modorra, a ignorar o desassossego natalício das ruas. O corpo era a rena a puxar o trenó da alma, perseguindo o extremo da dor física, tão profunda como inútil. Há um frio quotidiano que se acentua em épocas de culto festivo. Um banquete de desespero onde se sentam todas as fomes.


uma espécie de escritos avulso
para ler sem receituário

antónio paiva

15 dezembro, 2008

A vaidade é um sítio




A vaidade é um sítio, um lugar comum, uma pensão barata onde dormimos e acordamos e nos rimos que nem parvos.

Vá-se lá saber porquê; este pensamento nasceu aqui.

09 dezembro, 2008

Lançamento do livro "Leituras Soltas" Fnac Madeira

(clicar na imagem para ampliar)
No próximo sábado dia 13 de Dezembro pelas 17 horas na Fnac Madeira.
Eu e os/as restantes autores/as estamos à vossa espera.

A totalidade das receitas da venda deste livro, serão entregues à AMI e Rotary Club do Funchal.

Um abraço.

08 dezembro, 2008

as memórias são um livro




no banco corrido de madeira
estendido no velho soalho do alpendre
está sentada a velha senhora
sorriso tão alvo quanto o branco dos seus cabelos
há cravos e sardinheiras no pedaço de terra sobre o muro
o pátio amplo a cozinha do forno o marmeleiro ao fundo num canto
a porta de saída para o quintal a laranjeira a nespereira
os corrimões de videiras as nogueiras a ameixoeira os pessegueiros
a horta as oliveiras o sol na terra onde se colhia até vida

isso foi há tanto tempo!

agora não há mais a velha senhora o banco corrido de madeira
o alpendre está vazio os cravos e sardinheiras esfumaram-se
a cozinha do forno é uma ruína o marmeleiro já não existe
o pátio amplo coberto de ervas daninhas é um exílio de sombras

isso é uma espécie de presente onde florescem angústias!

antónio paiva

03 dezembro, 2008

Tédio




A vós que vos queixais a tempo-inteiro de morrer de tédio; calai-vos que a morte é o tédio por inteiro.

Bem sei; amais a desgraça como a um amor físico.

Bem sei; pedis perdão aos vossos deuses nas horas de aperto, mas não sois capazes de pedir desculpa ao vosso semelhante nas horas de culpa.

Bem sei; dos vossos deuses não conheceis os olhos, do vosso semelhante passais o tempo a desviar o olhar.

Bem sei;
antónio paiva