22 dezembro, 2010

5º aniversário desta pastagem

são muitas as vezes em que faço chorar as palavras, são muitas mais as vezes que por elas choro. por elas tenho passado tanto tempo a despir a noite.

por mim, pelos amigos e leitores;

as palavras serão o meu alimento e a minha bandeira!

Boas Festas e, se puderem sejam Felizes em 2011.

22 novembro, 2010

António Paiva na Escola Secundária de Barcelos

No âmbito da Feira do Livro promovida pela Secção de Português e pela Equipa da Biblioteca Escolar, o escritor natural de Vila Nova de Poiares, António Paiva, estará presente para um encontro com alunos de ensino secundário. Este decorrerá no dia 06 de Dezembro pelas 10:30 e inaugurará a Feira que estará aberta até ao dia 10 de Dezembro.

17 outubro, 2010

outrora; o mar cheirava a maresia

outrora; Vasco da Gama e seus pares fizeram uso de caravelas para irem em busca de ouro e especiarias. hoje; estes sacanas afundam-nos com submarinos, levam-nos os aneis e os dedos, porque o ouro já há muito que sumiu. outrora; o mar cheirava a maresia, hoje cheira a gatunagem.

13 outubro, 2010

seriamente e a sério

há ladrões que o são seriamente e a sério, tão seriamente e a sério, que nem – a justiça? – ousa colocar em causa a sua honestidade. é neste terno e doce humanismo; que os que são honestos seriamente e a sério, empobrecem seriamente todos os dias e a sério.

27 setembro, 2010

quem lhe desse uma pancadinha carinhosa no toutiço

dói-me o meu próprio embaraço, sempre que apalpo o meu desconforto intuitivo. a maior parte do tempo apetece-me encerrar; antes que esvazie a destempo as minhas prateleiras da lucidez. embora não duvide que ainda estou lúcido e capaz de enfrentar toda e qualquer coisa em forma de gente e, apesar de em tempos um ignóbil habitante de Jericó, se ter deslocado à beira do rio com o firme propósito de me surrar até à medula dos ossos, a verdade é que todo ele se me parece doente de morte. tomba e rola, tomba e rola; desmorona!, apresenta sinais de musgo, fungos e, onde outrora já exibiu penachos, surgem um pouco por todo ele crostas de pura demência. quem lhe desse uma pancadinha carinhosa no toutiço, repito; carinhosa, que não sou fã de violência, nem quero que a vã criatura afanique aparatosamente. desejo-lhe acima de tudo uma comoção com estilo e a gosto. e, que; quando chegar a sua hora, venha o anjinho da carroça nocturna e o leve em bem…

11 setembro, 2010

retalhos

...
a vida mente-me, as pessoas mentem-me. eu recolho as redes tranquilamente e depois minto-lhes também. mimetismo derramado em gestos; riso, choro, recusa, anuência, desejo, negação, ausência, presença, partilha, egoísmo, inveja, reconhecimento, amor, desamor, renúncia e recomeço.
umas vezes sou mais, outras sou muito menos, outras ainda volto-me as costas, outras tantas vejo-me na íntegra. espectro de querência durante a manhã, lugar de esopo ao entardecer, porque os espelhos mentem todas as noites. há em mim uma longanimidade intermitente, por vezes bálsamo, por vezes autoflagelação.
sou capaz de amar entre as fases da lua e nos plenilúnios, não sou capaz de viver sem um amor que acasale com o meu, ainda que eu seja a maior parte do tempo um rio de ausência. nem sempre é fácil transpor o pórtico ogivado e chegar até mim, no entanto rendo-me facilmente à surpresa do gesto, à delícia de me deixar escorrer pelo mel dos lábios, com os olhos marejados de sal.
...

04 setembro, 2010

Recensão Crítica a Livro Imperfeito de António Paiva

Recensão crítica a Livro Imperfeito de António Paiva, publicada na Revista brasileira online TODAS AS MUSAS, Revista de Literatura e das Múltiplas Linguagens da Arte.
www.todasasmusas.org

A imperfeição ganha corpo (de letra) – Tiago Aires

Professor de Língua Portuguesa e Português do 3.º ciclo e Ensino Secundário no Colégio D. Diogo de Sousa – Braga, Mestre em Literatura Românica, Estudos Brasileiros e Africanos pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

A quem leu e a quem não leu o livro, sugiro que sigam o link
http://www.todasasmusas.org/03Tiago_Aires.pdf acho que vale a pena despender algum tempo na leitura do artigo.

16 agosto, 2010

falta-me o sorriso de gioconda

por não ser dotado do sorriso de gioconda, sento-me na cadeira dos alívios, de olhos atentos no nada, evacuo de modo lento cansado e triste. distraio-me com a nudez mortal dos azulejos esverdeados que revestem as paredes. estou deprimido; remeto-me a estes monólogos escanzelados, pequenas manchas de textos marginais. grassa por aí uma pobreza que não é assumida, e não o é; por ser de matriz cultural. o “botas” bem que nos tramou; quando vociferou que: “o povo português devia ser pobre e humilde como a terra que trabalhava”. a verdade é que o povo português o levou a sério, tão a sério que a profecia do “botas” vigora como lei. maldito sejas ó “botas”!, devias ter caído da cadeira muito antes de nos teres amaldiçoado irremediavelmente!!!
nota:
este texto foi criado antes daquele que o precede

15 agosto, 2010

o disparate estala como ouriço de castanha

cá estou eu de novo na cadeira dos alívios; sofrendo de intoxicação de arrotos provincianos. e, como a paciência não põe ovos, não tenho omeletas de condescendência. [se não me entendem comprem um burro]. e não me estendam olhares lassos, que me pegam essa conjuntivite de idiotice. vá lá; ofereçam-me um sorrisinho subentendido, nos intervalos das bofetadas. raios partam o enguiço testicular de um povo que impede o gozo colossal; é quebranto!; é quebranto!; gritam as mulas e as suas crias. o disparate estala como ouriço de castanha; tornando impossível o contacto com o útero da nação.

10 agosto, 2010

substantivo-te

um gesto de ternura servido numa chávena de chá, um silêncio de açúcar, uma mão dócil compõe melodias manuseando as folhas.

03 agosto, 2010

Sessão de Autógrafos na Feira do Livro da Póvoa de Varzim



No próximo dia 06 de Agosto, pelas 22 horas, estarei presente na Feira do Livro da Póvoa de Varzim, no stand da Papelaria Locus, para uma sessão de autógrafos e contacto com o público, amigos e leitores.

Conto a vossa presença.

Até já!

23 julho, 2010

às vezes escrevo tão perto do que sinto

inclinam-se as palavras na transparência tranquila. o silêncio é um canto branco a repousar sobre o nada. os lábios reúnem-se numa fluidez viva sem intervalos. os corpos são nomes escritos nas linhas do vento. há uma matéria viva e incandescente que ascende em nós e nos torna inseparáveis. suor e luar tudo se confunde quando chove nos poros e na brancura da areia.

14 junho, 2010

apneia humana

esta apneia humana que faz de mim pedra submersa,
às vezes fóssil; crosta calcinada, matriz atroz.
há um óbelo em forma de vespa assinalando as falhas;
uma teia de intempéries a aprisionar-me a boca.
um fluxo sinistro de membranas em elipse;
a estrangular o ventre desta lua de silêncios.


nas casas sonhos arcaicos transcritos prescritos;
silêncios engomados naftalina e bolor salivado.
asfalto sede ruptura caverna muro;
veios traços arestas bocejos e bocas sem beijos.
sexo agudo que sobra da amargura;
há uma luz cega nesta imensa bruma de apneias

04 junho, 2010

coisas dos pés na minha cabeça

os meus pés continuam a andar um atrás do outro; às vezes juntam-se, outras vezes também se separam.

25 maio, 2010

era segredo e agora já não

em breve vou herdar um romance por óbito de um escritor; é uma espécie de infusão de amor e sexo. a musa era uma santa, até que o anjo que lhe habitava os ombros; abriu os olhos, abriu as asas e voou.
foi escrito respeitando a beleza formal da língua, mesmo no mais descarado linguado. por respeito à freirinha dos papos de anjo, não se faz uso do palavrão, nem de gestos obscenos.

[anda por aí tanto sacana e só me restam dois pares de estalos]

18 maio, 2010

Apresentação do Livro Imperfeito na Fnac Leiria


(clique na imagem para ampliar)

30 abril, 2010

mais leve e mais nua

ora flui, ora desliza, ora se eleva, véu feliz sussurrando na transparência da alma, sem temor nos olhos.
entre as linhas do corpo há a baía dos seios, o abrigo das coxas a implorar tremores, a vertigem dos declives, a exaltação.
reparte-se divide-se cada vez mais inteira, entre os gemidos e o fulgor dos silêncios, no prodígio da nudez completa, vibra todo o universo.

[agora dorme serena mais leve e mais nua até à primeira claridade]

05 abril, 2010

Agenda do "Livro Imperfeito"


11 de Abril, às 16:00

Pré-lançamento em Anadia, na Biblioteca Municipal, inserida nas cerimónias de abertura da Feira do Livro.
Apresentação do livro por alunos e professores da Escola Secundária de Anadia e do Colégio Nossa Senhora da Assunção.

11 de Abril às 21:30

Lançamento na Fnac Coimbra, inserido no programa da
Festa do Livro da Fnac
Apresentação do livro por José António e Rafaela Carvalho

14 de Abril, às 16:30

Apresentação em Guimarães, na Fnac Guimarães
Apresentação do livro por Alexandra Cruz Mendes

15 de Abril, às 21:30

Apresentação no Porto, na Fnac Norte Shopping
Apresentação do livro por Sónia Macedo

17 de Abril, às 16:30

Apresentação em Lisboa, na livraria Bulhosa Entrecampos
Apresentação do livro por Ana Correia

24 de Abril, às 17:30

Apresentação no Funchal, na Fnac Madeira
Apresentação do livro por Édison de Almeida


1 de Maio às 21:30

Apresentação em Braga, na Fnac Braga
Apresentação do livro por Tiago Aires
Até já!

21 março, 2010

falta-me a outra margem

falta-me a outra margem; textura de carne rubra. uma febre que me ausculta as têmporas. coxas coroadas pelo baixo ventre em chamas. o sabor. o néctar. os sons que brotam dos seios nas mãos estendidas. as pausas como se fossem gritos mudos. a vertigem dos gemidos penetrantes; como se de uma lua quebrada se tratasse. tenho a memória – falta-me a outra margem.


[por acaso nasci hoje; mas já foi há muito tempo]

[d c; são duas letras e uma alma]

06 março, 2010

magnitude e simplicidade

início do texto o princípio da manhã. na face da folha habita a página, o seio da escrita; vegetação e água viva. entre uma e outra margem; o silêncio é adiado. um barco; uma varanda sobre as águas. os olhos a presença da água; ondulação completa. quilha de gaivota; a rasgar a infinita plenitude. nomes simples; rostos nus. não esperes – habita uma planície.

25 fevereiro, 2010

excerto

o vento uiva lá fora incessantemente dando voz aos sonhos em ruína por todo o universo. qual síntese da minha vida às avessas, nirvana da minha alma. a minha angústia clandestina que não me é permitido confessar publicamente – coisa de frouxos – segundo a lei social vigente. só eles; os frouxos, é que podem ter o descaramento e a fraqueza, de coexistir com a sensibilidade. e podem, por já estarem condenados a pena perpétua. o ceptro da aparência é soberano e impiedoso, brutal e indiferente. não podemos ser em público o que somos no refúgio da alma, porque a ambição odeia contacto da alma com a vida.
ardem-me os olhos, arde-me o corpo desde onde começa até onde termina, nas extremidades o ardor é mais agudo. e quanto mais a minha vida se dilata, mais avultam os defeitos. coisas da fraqueza e desatenção, a tragédia singular da banalidade de uma vida comum. os sonhos intrometem-se na vida e a vida priva-nos deles. só os que têm a coragem de enfrentar o julgamento e cumprir a pena, são capazes de sonhar verdadeiramente, porque acreditam no que sonham, e acreditar no que se sonha, é acreditar que se pode ser feliz.

24 fevereiro, 2010

Tragédia na Madeira

As palavras contam, mas não são suficientes!


DONATIVOS

- Conta nº 1626371377, NIB nº 003800011626371377113 do Banif

- Conta Banif Solidariedade Com as Vítimas da Madeira, NIB: 0038 0040 50070070771 11

- Conta “Solidariedade BBVA – Colabore com a Madeira” NIB: 0019.0001.00200181689.15

- Conta "BES Madeira Solidário", com o NIB: 000700000083428293623

- Conta Santander Totta "Solidariedade com a Madeira": NIB 001800032271378802021

- Solidariedade BBVA "Colabore com a Madeira": NIB 001900010020018168915

- Millennium BCP "Vítimas do Temporal da Madeira": NIB 003300000025125124405

- Barclays "Conta Madeira", 003204700020325226041

18 fevereiro, 2010

no avesso de mim





no avesso de mim narro a angústia, desmonto a insónia. há uma distância surda entre os lábios, uma muralha feita de espera, um silêncio imponderável e agudo que me perfura os tímpanos. olhos marejados de sal sob o véu da ausência. uma fome insuportável de escorrer pelos teus contornos e gritar até ficar rouco. há uma ferida aberta que me consome, dorme, dorme, dorme. já fui abelha em cópula colhendo mel do teu estame. e tu auréola resplandecente em chamas.

19 janeiro, 2010

tão breve quanto breve


a água cai de degrau em degrau como onda que nasce da onda.

11 janeiro, 2010

Curso Escrita Criativa


(clique nas imagens para ampliar)

Darei início ao Curso de Escrita Criativa, no próximo dia 25 de Janeiro, às 18:30, no IFACC – Escola Profissional Cristóvão Colombo, Funchal. O curso de terá a duração de 20 horas, e termina a 29 de Janeiro às 22:30.

Horário de funcionamento de segunda-feira a sexta-feira, das 18:30 às 22:30.

As inscrições estão limitadas a um máximo de 12 participantes.

Para mais informações e inscrição:
Escola Profissional Cristóvão Colombo - Avenida do Infante, 6 - Funchal.
Telefone 291201770
info@epcc.pt
marleneandrade@epcc.pt
Marlene Andrade




01 janeiro, 2010

Bem-vindos a 2010






"Habitar a terra é ser o olhar e a luz/Um mais aéreo e íntimo movimento/Amplitude calma e liberdade"
Façam-me o favor de serem felizes e de fazerem alguém feliz!
E, prá frente que atrás vem gente!
Um abraço enorme para todos vós, deste ser que é o exemplo perfeito da imperfeição.






As fotografias são todas do gajo do costume