14 junho, 2010

apneia humana

esta apneia humana que faz de mim pedra submersa,
às vezes fóssil; crosta calcinada, matriz atroz.
há um óbelo em forma de vespa assinalando as falhas;
uma teia de intempéries a aprisionar-me a boca.
um fluxo sinistro de membranas em elipse;
a estrangular o ventre desta lua de silêncios.


nas casas sonhos arcaicos transcritos prescritos;
silêncios engomados naftalina e bolor salivado.
asfalto sede ruptura caverna muro;
veios traços arestas bocejos e bocas sem beijos.
sexo agudo que sobra da amargura;
há uma luz cega nesta imensa bruma de apneias

04 junho, 2010

coisas dos pés na minha cabeça

os meus pés continuam a andar um atrás do outro; às vezes juntam-se, outras vezes também se separam.