25 fevereiro, 2009

Pérolas de um acordo ortográfico





Agora ao escrever a palavra tetos, você está a referir-se a quê?

Aos mamilos da cabrinha e da vaquinha, ou àquilo que fica por cima da sua cabeça quando está dentro de um edifício?

Pois; é que, segundo os sabedores da coisa linguística, de acordos ortográficos e afins, o “c” não se lê, ou não se lia, sei lá, mas até lia, até lia, tanto que no caso da palavra tecto servia para abrir a vogal “e” conferindo-lhe outra sonoridade.

Terá sido criada a palavra tétos? Ou será feita uma adenda para a criar?

Pois, adendas; é a palavra fina usada quando em muitos casos se aplicam remendos.

Sei lá, sei lá, sei lá…

21 fevereiro, 2009

in Genéricos 17





Mundo mais que mudo, mais que cego e muito mais que surdo. De térmitas empanturradas no cerne podre, e a noite é cada vez mais antiga. Tudo isso ela conhece abrindo as coxas recebendo a culpa. Por cumplicidade aqueço a alma nas palavras para que o frio não me morda a carne.
uma espécie de escritos avulso
para ler sem receituário

19 fevereiro, 2009

"Vida normal"

A sociedade de que fazemos parte, por meio de crenças, regras, credos e, muitas vezes prepotência. Leva a que uma parte muito significativa, quase poderia arriscar a maioria nós, encare o conceito de “Vida normal”, como o viver dentro de quatro paredes, na “normalidade” existente dentro de quatro paredes. Onde o fechar da porta é o conflito do indivíduo consigo mesmo sobre se; tem ou não o direito de querer mais, deixando esquecido à entrada o direito de merecer mais. Há uma aceitação calada de que a “Vida normal” é a vida calada dentro de quatro paredes.

15 fevereiro, 2009

Confissões de um traste

Falta-me o ar convincente de macho com olhos de carneiro mal-morto, e a voz enrouquecida vinda do além, tão do além quanto os confins melodramáticos de um criador inato, vinda assim de uma espécie de penumbra, urdida pelo cenógrafo dos cenógrafos. Obviamente que separo o mel do drama, e se os separo não é por uma questão de estética, até porque ficam lindamente juntos. Quanto a áticos; são do mais fino e puro bom gosto que se possa almejar. Separo mel e drama, pelo reconhecido mérito de ambos, claro que não me podia esquecer da melodia, pelos seus magníficos dons encantatórios com que nos massaja divinalmente os tímpanos. Naturalmente não me esqueço de separar o mel do dia, é da mais elementar justiça colocar em evidência a doçura do mel, em contraste com o amargo do dia-a-dia. O con, não sei quem seja, o traste conheço bem, sou eu mesmo.
E esta lengalenga toda a propósito de quê? O mais certo é a propósito nenhum, e com toda a certeza sem propósito relevante. Ainda assim, pelo respeito que toda a gente de respeito me merece, e mais ainda aquelas que com bons propósitos e as melhores intenções me dizem amiúde; – tens um mau feitio do caraças – não és má rês – mas esse teu refinado fel não apanha moscas.
Respeitosamente as ouço, as compreendo e lhes agradeço, bem sei que; – cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Só que; o que me move não é apanhar moscas, até porque a maioria das que se apanham são moscas-mortas, também conhecidas por galinhas-chocas. Das quais fujo a sete-pés exclamando; vai-te ganho que me dás perca. Se alguma valia eu possa ter, será justo que seja pelo que sou, e não pelo que gostariam que eu fosse. Confesso que em tempos que já lá vão me rendia às baboseiras, sedento de um ego gordo e lustroso. São pecados e pecadilhos, pedaços de granito que compõem o caminho da aprendizagem e do crescimento. Ainda hoje peco, bem sei, só que os motivos são outros. Até porque quanto mais aprendo, sei que menos sei. Mas ninguém tem culpa disso – cabe-me a mim aprender.

03 fevereiro, 2009

in Genéricos 16

É por vezes sibilante a solidão dos audazes. Perante a astúcia nocturna dos algozes. E não me venham dizer que ser audaz, é ser potencial inimigo de tudo. Não me peçam vagidos de anuência para lhes proporcionar uma existência tranquila. E aos que lhes seguem os passos e lhes servem de capa. Seja lá qual for a motivação que os move. Podem ter a certeza que a uns e a outros, tudo farei para que a respiração lhes seja escassa.

uma espécie de escritos avulso

para ler sem receituário