21 fevereiro, 2009

in Genéricos 17





Mundo mais que mudo, mais que cego e muito mais que surdo. De térmitas empanturradas no cerne podre, e a noite é cada vez mais antiga. Tudo isso ela conhece abrindo as coxas recebendo a culpa. Por cumplicidade aqueço a alma nas palavras para que o frio não me morda a carne.
uma espécie de escritos avulso
para ler sem receituário

3 comentários:

Maria disse...

Cada vez mais bela é a tua escrita...

Um beijinho

Vanda Paz disse...

Mais que
Mudo
Cego
E surdo:
O Mundo

No cerne podre
Térmitas
Empanturradas

Cada vez mais antiga
É a noite
Abre as coxas
Recebe a culpa

Para que o frio
Não me morda a carne
Nas palavras
Aqueço a alma,
Por cumplicidade…

Um texto que me fez reflectir sobre várias coisas.
Cada vez afastas-te mais da escrita comum e te abraças a uma escrita muito própria, muito tua. Já se consegue identificar um texto de António Paiva.
Parabéns!
O caminho é grande, mas os primeiros passos já estão dados… agarra-te ao trabalho e não cedas.

Beijo

Ana disse...

Não é um mau presságio - sabes o quanto gosto de ti - mas acredito que nenhuma cumplicidade, a não ser a do Amor, aquele que se escreve assim, com A grande, consegue evitar que o frio nos morda a carne.