23 setembro, 2012

de outro romance em construção


      Querem-nos como caracóis, invertebrados rentes ao chão dos muros sem largar baba nem ranho a definhar numa caminhada lenta e agonizante sem nenhum destino. Faz muito tempo adormecemos colectivamente em certo reinado e filiparam-nos durante seis décadas, passado esse tempo, segundo reza a História, foi durante uma soneca dos malfeitores que levantámos cabeça e recuperámos o território e o orgulho. Agora adormecemos de novo e vieram os trividentes, sentaram os seus ilustres traseiros em cima de nós e cá estamos uma vez mais sem honra nem glória, numa espécie de sossego dos iludidos. Era nisto que pensava o Seixas, sentado numa pedra como se velasse um pássaro morto, na Ponta dos Corvos.