de outro romance em construção
Querem-nos como caracóis, invertebrados
rentes ao chão dos muros sem largar baba nem ranho a definhar numa caminhada
lenta e agonizante sem nenhum destino. Faz muito tempo adormecemos
colectivamente em certo reinado e filiparam-nos durante seis décadas, passado
esse tempo, segundo reza a História, foi durante uma soneca dos malfeitores que
levantámos cabeça e recuperámos o território e o orgulho. Agora adormecemos de
novo e vieram os trividentes, sentaram os seus ilustres traseiros em cima de
nós e cá estamos uma vez mais sem honra nem glória, numa espécie de sossego dos
iludidos. Era nisto que pensava o Seixas, sentado numa pedra como se velasse um
pássaro morto, na Ponta dos Corvos.
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