11 fevereiro, 2011

o pardal é um poema

o pardal é um poema;

tanta pena, tanta pena;

tantos ais, tantos ais;

escorrem lancinantes dos beirais;

temos pena, tanta pena, tanta pena;

a idosa estava morta atrás da porta;

não se abriu a porta por não cheirar mal.


o pardal é um poema;

nunca o seria não fosse tanta pena;

mas de facto o pardal é no seu todo um poema;

porque a idosa devia ter perecido de porta aberta;

e mais!, a idosa depois de morta foi perniciosa;

não pagou à “sociedade” o devido tributo.


vai daí o “estado” impoluto;

processou-a generosamente sem abrir a porta;

vendeu por tuta-e-meia o seu “jazigo”;

porque mesmo morta, devia ter pago e;

antes de morrer o seu dever era abrir a porta;


o pardal é um poema;

temos tanta pena; tanta pena, tanta pena;

tantos ais, tantos ais, escorrem lancinantes dos beirais;

temos tanta pena, tanta pena, e o pardal é um poema!