Por ora nem pensar
Há páginas preenchidas de dias pobres, coisas magoadas por via da desilusão. Há vivências que não sendo minhas, o são, como se eu; as viva quando as sinto, vejo. Um jogo da cabra-cega de olhos destapados, subterfúgios escondidos em almas iguais. No lusco-fusco das consciências, no intervalo dos erros, assim, bando de pardais, com grãos de acaso no bico, somos.
A boneca colorida de cores quentes, talhada na vagem gigante de alfarroba, vinda de uma ilha do pacífico, passa os dias pendurada por um fio de nylon, numa das extremidades da estante. Toda ela silenciosa, de olhar vago, talvez sinta saudades da sua terra. Não sei, não lhe consigo aparar um sentimento bem definido, um perfume musical, ou um ruído vago, é demasiado estática e triste. Se alma lhe foi dada, esta por certo a abandonou. Aqui fica registado este momento monótono, um divagar sem pressas, sem tristeza, sem desalento, e monótono sem que eu descubra a razão.
Talvez falta de eu saber como conduzir o pensamento, a matéria-prima existe, só que, de momento, não sei como lhe dar forma. É um vaguear de escrita, perdido, mas liberto, vadio. Uma paisagem incerta e eu um figurante ocasional. Sou um sem-vergonha intelectual, sem que me incomode de o ser, sempre que me apetece alinho palavras, como quem alinha flores em canteiros.
A boneca colorida de cores quentes, talhada na vagem gigante de alfarroba, vinda de uma ilha do pacífico, passa os dias pendurada por um fio de nylon, numa das extremidades da estante. Toda ela silenciosa, de olhar vago, talvez sinta saudades da sua terra. Não sei, não lhe consigo aparar um sentimento bem definido, um perfume musical, ou um ruído vago, é demasiado estática e triste. Se alma lhe foi dada, esta por certo a abandonou. Aqui fica registado este momento monótono, um divagar sem pressas, sem tristeza, sem desalento, e monótono sem que eu descubra a razão.
Talvez falta de eu saber como conduzir o pensamento, a matéria-prima existe, só que, de momento, não sei como lhe dar forma. É um vaguear de escrita, perdido, mas liberto, vadio. Uma paisagem incerta e eu um figurante ocasional. Sou um sem-vergonha intelectual, sem que me incomode de o ser, sempre que me apetece alinho palavras, como quem alinha flores em canteiros.
Era de esperar que agora aqui registasse um pretenso pensamento,
mas não; por ora nem pensar.
8 comentários:
E porque haverias de registar um "pretenso" pensamento?
Abençoado esse vaguear da escrita, liberto e vadio...
Um beijo
Uma paisagem incerta e eu um figurante ocasional.
.................... bando de pardais, com grãos de acaso no bico, somos.
Eu gostava de saber dizer coisas deste modo.
...e no entanto...
Beijicos
fizeram-me sorrir, os três versos finais. um abraço!
Vais construindo jardins de palavras...
Beijos
BF
Este teu vaguear pelas palavras soa-me a desilusão, desânimo, ...
Fico a aguardar o teu regresso nas palavras fluídas pelo sentimento que te é inerente.
Beijinho
Nada está perdido. Pelo menos... enquanto o papel e a caneta forem confidentes...
Um abraço
antónio paiva:
É assim que se querem os poetas: vagueando, perdido, liberto e vadio verdadeiro daquilo que vê e sente. Muito bonito amigo poeta. Um abraço.
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