breve ensaio à inércia
um e outro a ilusão de cada um de nós,
na bruma perturbada pelos gnomos do silêncio.
indescritível dor de gozar a calma do exílio,
na tela húmida de um tédio irreal e vago.
respiramos o ar intensamente neutro e mole,
como o cerimonial da cauda de um gato dormindo ao sol.
assim nos imaginamos felizes rindo,
num tocar de pés nus a plausível necessidade dos vivos.
um lábio toca outro lábio habitando juntos,
a mesma boca o mesmo rosto a mesma inércia alada.
um cansaço é a sombra de outro cansaço,
uma súplica uma exigência ao direito de não fazer nada.
7 comentários:
Um belo quadro poético retratando o cerimonial do direito à preguiça saudável.
O descanso do corpo é possível mas o da sentir não tem descanso possível.
Beijo
BF
Que inveja... não fazer nada é um luxo...
Excelente ensaio, gostei imenso das tuas palavras.
Bom fim de semana.
Abraço.
Olá, eu chamo-me David.
Admiro o seu blog, acho que é um blog muito giro. Gosto muito do seu blog, fala de como se é escritor e muitas outras coisas. Adorei o seu blog.
Abraços
David
Ando buscando este direito, meu amigo. E todos o temos, mas poucos podem expressá-lo assim de maneira tão linda.
Beijo!
Olá amigo. já tinha saudades de te ler.
Espero agora por algum tempo voltar à normalidade e prometo aparecer.
beijo grande
Aqui se dizem as coisas que muitos sentem e não sabem dizer como tu, António.
Cada vez gosto mais da tua escrita e da profundidade que consegues dar-lhe muitas vezes. Há quem pinte com pincéis, tu pintas com palavras. Um impressionismo pujante, sobretudo de estados de alma.
Um beijo.
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