Ode ao Arquipélago da Madeira e Porto Santo [abraçando as Desertas]
I
perdoem-me o atrevimento de querer contar
cantar e encantar uma ilha um arquipélago
perdoem-me porque por amor se cometem loucuras
é indelével esta minha paixão pelos recantos e encantos
e tento por palavras esculpir o que sinto
às vezes deliciado outras incrédulo num sonho de escrever
tudo o que eu possa escrever não passará de um rascunho
ainda que sentido e fiel ao amor por tanta e indizível beleza
tanta História e labor trespassa a minha pobre mente
um efeito prolongado e decisivo sobre tudo o que há para fazer
viver sentir e preservar a dar forma ao que somos e às nossas vidas
só os mais distraídos não darão conta
do sangue dos nossos antepassados a correr dentro de nós
misturado com o nosso a irrigar cada ser único e irrepetível
a tudo isto se junta o que é grande e magnífico como o oceano
um véu azul e transparente onde se vê a alegria
até à raiz mais nobre e profunda dos rochedos vigilantes
erguem-se imponentes e majestosos os picos
beijando intencionalmente as nuvens fermentando as brumas
bem-aventurado arquipélago bafejado pela harmoniosa anarquia
de paisagens tão diversas e antagónicas na profusão de cores
rochedos cascatas ribeiros levadas abruptos desfiladeiros
manta de cores nas copas dos arvoredos terra húmida e fértil
flores de cores intensas e aromas densos a despertar tórridas paixões
tão tórridas quanto a aridez selvagem das Desertas
por toda a parte sons misteriosos da azáfama da Natureza
o canto das aves a graciosidade escultural do lobo-marinho
perante tão intensas sensações a mente rejubila de contentamento
e o corpo pede repouso no dourado e quente areal de Vila Baleira
antónio paiva
(por favor respeite os direitos de autor)
4 comentários:
Gostei deste teu canto às ilhas que te receberam...
Beijo, António
só quem ama as ilhas, consegue escrever assim.
gostei tanto de ler...
beij
....
Belo! Belíssimo!
Da próxima vez que aí for, quero ir às Desertas.
Um abraço
Vou ler a continuação...
BF
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