o pardal é um poema
o pardal é um poema;
tanta pena, tanta pena;
tantos ais, tantos ais;
escorrem lancinantes dos beirais;
temos pena, tanta pena, tanta pena;
a idosa estava morta atrás da porta;
não se abriu a porta por não cheirar mal.
o pardal é um poema;
nunca o seria não fosse tanta pena;
mas de facto o pardal é no seu todo um poema;
porque a idosa devia ter perecido de porta aberta;
e mais!, a idosa depois de morta foi perniciosa;
não pagou à “sociedade” o devido tributo.
vai daí o “estado” impoluto;
processou-a generosamente sem abrir a porta;
vendeu por tuta-e-meia o seu “jazigo”;
porque mesmo morta, devia ter pago e;
antes de morrer o seu dever era abrir a porta;
o pardal é um poema;
temos tanta pena; tanta pena, tanta pena;
tantos ais, tantos ais, escorrem lancinantes dos beirais;
temos tanta pena, tanta pena, e o pardal é um poema!
7 comentários:
Retrato cru e realista. Infeliz.mente.
Beijos.
Há poemas que são facadas.
é o mundo em que vivemos
beijos
dura crua mas real
passando para ler-te caro
amigo, nunca esquecerei
do teu apoio.
Um poema nu e cru, real,
bjs
Espiritualidade pura, beijos no coração!
Um pardal é um poema, um ponto é um poema, depende do olhar!
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