03 dezembro, 2008

Tédio




A vós que vos queixais a tempo-inteiro de morrer de tédio; calai-vos que a morte é o tédio por inteiro.

Bem sei; amais a desgraça como a um amor físico.

Bem sei; pedis perdão aos vossos deuses nas horas de aperto, mas não sois capazes de pedir desculpa ao vosso semelhante nas horas de culpa.

Bem sei; dos vossos deuses não conheceis os olhos, do vosso semelhante passais o tempo a desviar o olhar.

Bem sei;
antónio paiva

7 comentários:

Maria disse...

E tu bem sabes que me deixaste sem palavras...

Um beijo
(de noite serena)

Isabel disse...

Tenho andado arredada destas paragens mas, neste regresso, fiquei um pouco baralhada por este teu rumo das palavras.
Quando puderes, e se quiseres, manda-me um email a dizer se estás bem para me tranquilizares.

Bjnh

Ana disse...

Que grito de alma lancinante. Mas tão certeiro!
Ficamos aqui a remexer na consciência, a pensar quantas vezes não olhamos nos olhos e não pedimos as devidas desculpas. Porque todos pecamos. Todos os adultos, algum dia, perdem a inocência.
Abraço-te.

Joana disse...

Amigo,

Gostei muito de falar contigo. Foi bom ouvir-te, foi bom relembrar a tua voz! Obrigada

Beijinho grande com muito tédio!

Anónimo disse...

O portallisboa (www.portallisboa.net) anuncia que estão abertas as inscrições para a participação na obra “Entre o Sono o Sonho “ – Antologia de Poetas Contemporâneos. Consulte o regulamento em: http://www.portallisboa.net/modules.php?name=sonosonho

Anónimo disse...

Olá António,

Há muito tempo que não passava por aqui

... e como é verdade o que li agora!

Somos assim... e fazer o quê?!

Bjnhs
Cláudia

Lyra disse...

Diante de alguém que escreve tão bem, tem-se a sensação de que as coisas que permaneceram escondidas no caos emergem…

Um excelente fim-de-semana para ti.

Beijinhos e até breve.


;O)

Lyra