uma existência com muitos buracos
Pode até parecer que por aqui não damos importância às coisas mais comezinhas do dia a dia. Puro engano. Toda e qualquer dúvida ou percalço existencial, por muito aligeirada que pareça, nos merece atenção e tratamento cuidadoso, não vá um pequeno pormenor, por desleixo, tornar-se num caso bicudo (ou rombo).
Hoje debruçamo-nos, quer dizer, debruçar, não nos parece o melhor termo, o debruçar, pode dar origem, a casos mesmo bicudos. Pensámos no termo abordar, também não nos parece o melhor, isto de abordar, pode dar azo, a ser interpretado como uma tentativa de assédio. Decidimos então utilizar o termo escrever, porque falar, num local destinado a escrever, também não se ajusta.
Vamos então escrever, sobre o buraco no peúgame e no cuecame. A esta altura, já alguns mortais que estão a ler isto, já começam a pensar, mas que raio de coisa tão sem importância, estão no seu direito. Mas já agora, tenham lá paciência e deixem-nos, dissecar, dissertar e outras coisas terminadas em ar, sobre o assunto (não significa em cima do assunto), mentes tranquilizadas, vamos em frente (na escrita, obviamente).
Verdade verdadinha, é que vamos no dia a dia retirando da gaveta, as cuecas e meias, que estão em melhor estado, até que chegamos ao dia em que só restam aquelas dotadas dos famosos orifícios, que o uso e a velhice lhes infligem, aí não há volta a dar, tem mesmo de ser. Ou porque não houve tempo ou vontade de lavar as melhorezinhas, ou porque estão ainda a secar. Por alguma razão, vamos religiosamente guardando, aqueles exemplares já cansados do uso.
Noutros tempos, era utilizado um ovo ou uma lâmpada eléctrica, para pontear e tapar o infortúnio de cuecas e meias. Dai a origem da expressão de macho, que arrotava a todo o momento: mete-te em casa, vai coser meias. Mas isso foi chão que já deu uvas (ou melhor meias e cuecas com costuras, mas sem buracos). Na época até se cerzia, como era bom cerzir, com seu ar namoradeiro, a Rosinha cerzideira.
Mas não adianta chorar sobre meias e cuecas furadas, agora os tempos são outros e cada um com os seus buracos (estamo-nos a referir aos das meias e cuecas). A questão só se torna problemática, quando por algum motivo imprevisto, temos de arrear a calça ou descalçar o sapatito. Uma ida ao médico inesperada, um encontro casual onde o devaneio, se liberta da roupa. Uma entrada na sapataria para experimentar uns sapatos, ao tirar o sapatinho, é que o dedâme espreitando inusitadamente, como a achincalhar-nos, nos expõe à vergonha. É aí que a menina da loja, se ri toda por dentro, e pensa: olha este, quer comprar um sapatito novo, mas não tem posses para comprar umas meias novas, (esquecendo-se também ela por momentos, das suas coisas rotas).
Nesses momentos, culpa-se sempre a mulher-a-dias que normalmente não temos. Lá sai a expressão: estou farto de dizer àquela senhora, para ter mais cuidado quando me arruma a roupa. Se a miúda da loja ou o pedaço do fortuito são boazonas, pode-se sempre culpar a esposa ou namorada, para lhes fazer sentir, que motivos não nos faltam para lhes enfeitar a testa. Somos mesmo infelizes, muito infelizes. Tão infelizes quanto o são as meias e as cuecas rotas.
Ouvimos dizer, porque ver ainda não vimos, nada como dizer a verdade nestas coisas. Não queremos que nos façam perguntas de pormenor e depois não temos respostas. Mas ouvimos dizer, que fizeram para elas, umas cuequinhas que já são dotadas de buraco estrategicamente colocado, aquilo deve ser para arejar, não estamos a ver outra razão. Mas higiénico é que não nos parece, usadas com saias deixa aquilo muito exposto a poeiras e outras agressões de meio ambiente, (ora, vocês sabem muito bem o que queremos dizer com: aquilo). Muito havia para escrever, sobre aquilo e isto. Mas parece-nos cer hora de zir, (gostaram do trocadilho? cerzir). Talvez numa outra ocasião voltemos ao assunto, para aprofundar os buracos.
Fiquem bem, cuidem dos vossos buracos ou não, isso fica ao critério de cada um/a.
Bom fim-de-semana a todas/os.
Hoje debruçamo-nos, quer dizer, debruçar, não nos parece o melhor termo, o debruçar, pode dar origem, a casos mesmo bicudos. Pensámos no termo abordar, também não nos parece o melhor, isto de abordar, pode dar azo, a ser interpretado como uma tentativa de assédio. Decidimos então utilizar o termo escrever, porque falar, num local destinado a escrever, também não se ajusta.
Vamos então escrever, sobre o buraco no peúgame e no cuecame. A esta altura, já alguns mortais que estão a ler isto, já começam a pensar, mas que raio de coisa tão sem importância, estão no seu direito. Mas já agora, tenham lá paciência e deixem-nos, dissecar, dissertar e outras coisas terminadas em ar, sobre o assunto (não significa em cima do assunto), mentes tranquilizadas, vamos em frente (na escrita, obviamente).
Verdade verdadinha, é que vamos no dia a dia retirando da gaveta, as cuecas e meias, que estão em melhor estado, até que chegamos ao dia em que só restam aquelas dotadas dos famosos orifícios, que o uso e a velhice lhes infligem, aí não há volta a dar, tem mesmo de ser. Ou porque não houve tempo ou vontade de lavar as melhorezinhas, ou porque estão ainda a secar. Por alguma razão, vamos religiosamente guardando, aqueles exemplares já cansados do uso.
Noutros tempos, era utilizado um ovo ou uma lâmpada eléctrica, para pontear e tapar o infortúnio de cuecas e meias. Dai a origem da expressão de macho, que arrotava a todo o momento: mete-te em casa, vai coser meias. Mas isso foi chão que já deu uvas (ou melhor meias e cuecas com costuras, mas sem buracos). Na época até se cerzia, como era bom cerzir, com seu ar namoradeiro, a Rosinha cerzideira.
Mas não adianta chorar sobre meias e cuecas furadas, agora os tempos são outros e cada um com os seus buracos (estamo-nos a referir aos das meias e cuecas). A questão só se torna problemática, quando por algum motivo imprevisto, temos de arrear a calça ou descalçar o sapatito. Uma ida ao médico inesperada, um encontro casual onde o devaneio, se liberta da roupa. Uma entrada na sapataria para experimentar uns sapatos, ao tirar o sapatinho, é que o dedâme espreitando inusitadamente, como a achincalhar-nos, nos expõe à vergonha. É aí que a menina da loja, se ri toda por dentro, e pensa: olha este, quer comprar um sapatito novo, mas não tem posses para comprar umas meias novas, (esquecendo-se também ela por momentos, das suas coisas rotas).
Nesses momentos, culpa-se sempre a mulher-a-dias que normalmente não temos. Lá sai a expressão: estou farto de dizer àquela senhora, para ter mais cuidado quando me arruma a roupa. Se a miúda da loja ou o pedaço do fortuito são boazonas, pode-se sempre culpar a esposa ou namorada, para lhes fazer sentir, que motivos não nos faltam para lhes enfeitar a testa. Somos mesmo infelizes, muito infelizes. Tão infelizes quanto o são as meias e as cuecas rotas.
Ouvimos dizer, porque ver ainda não vimos, nada como dizer a verdade nestas coisas. Não queremos que nos façam perguntas de pormenor e depois não temos respostas. Mas ouvimos dizer, que fizeram para elas, umas cuequinhas que já são dotadas de buraco estrategicamente colocado, aquilo deve ser para arejar, não estamos a ver outra razão. Mas higiénico é que não nos parece, usadas com saias deixa aquilo muito exposto a poeiras e outras agressões de meio ambiente, (ora, vocês sabem muito bem o que queremos dizer com: aquilo). Muito havia para escrever, sobre aquilo e isto. Mas parece-nos cer hora de zir, (gostaram do trocadilho? cerzir). Talvez numa outra ocasião voltemos ao assunto, para aprofundar os buracos.
Fiquem bem, cuidem dos vossos buracos ou não, isso fica ao critério de cada um/a.
Bom fim-de-semana a todas/os.
16 comentários:
Adoro esta música. Amigo, mas que é gostoso vestir aquela camiseta rasgada, colocar os pés no chão e fazer nada da vida. Ah..isso é viu.
Nem vale à pena costurá-las, o bom mesmo são os furos com tantas histórias a contar. Deixei-te um trevinho lá em casa. Passa lá, com o desejo de muita sorte mesmo.
Beijos
Que post mais bem dispost meu querido... fizeste-me sorrir.
Obrigada.
Já agora, cá em casa, recuso-me terminantemente a dar um ponto que seja em qualquer dos exemplares mencionados com buraco. O tempo de a mulher remendar meias já lá vai.
Beijos
BF
António
Este teu post fez-me sorrir. Corrijo: fez-me rir.
Eu que estava tão cinzenta, hoje....
Estás delicioso nesta escrita! Muito humor, algum sarcasmo, é certo, mas num tom... é por ser sexta feira?
Se a minha avó lesse este texto diria "ele está a pedir chuva...".....
Foi bom ler-te. É sempre bom ler-te. Mas hoje foi muito bom.
Obrigada...
Beijinhos
Bom, este teu texto está sublime e pronto para figurar num livro de prosas que venhas a editar! Lembro-me bem do cerzir, a minha mãe fazia-o e algumas vizinhas também. E também sei o que é procurar umas meias em condições e só encontrar pares desavindos e todas com buraquinhos... mas os tempos mudaram... agora vamos à Intimissi e compramos 5 pares em puro algodão por 10 euros... e depois há aquela de um colega meu que nunca usava as mesmas meias: iam direitinhas para o lixo, quem pode , pode!
Que grande tema tu trouxeste! Como a Internet ainda não tem cheiro, tudo bem! Um super abraço!!!
meu caro Antonio...
Um texto delicioso, terno, criou-me um sorriso de ternura ao lembrar das meias cosidas. A cena é a mesma a que me refiro no blog no post recente, minha tia fazia isto sem enxergar direito com a luz fraca e os defeitos de vista...
Na real...
Meu marido não pode ver esta cena, roubo-lhe, e aos meu filhos, as meias, calcinhas e cuecas rotas, dôo aos mais necessitados. Compro logo novas. Jamais serei uma dona de casa, prefiro coser as feridas para cicatrizarem e consertar sentimentos. Objetos, vejo-os plenamente substituíveis...
rsrsrsrs
Adorei!
Bom final de semana.
Fica com Deus. E...
perdoe-me por chegar e ir entrando...
a porta estava aberta... não resisti.
( não te li ainda)
Vim desejar-te um bom Domingo e entregar-te um Trevinho de 4 folhas em mão
Beijo Grande !!!
(*)
Oi:
Na realidade a questão dos "buracos" é muito complexa porque tanto uns como outros causam alguns problemas ou não...mas visualizado noutro ângulo pode trazer felicidade...
Vamos em frente com nossos buracos! Força!
Passando pra deixar um beijo e o desejo de uma grande semana a se iniciar. Obrigada pela visita.
Beijos
Verdades de todos nós.
...voltei, já tinha saudades!!!
Beijinhos
Boa semana
Um xi
:) ... beijO
Presentinho pra você lá em casa, passa lá buscar.
Beijos com carinho.
António! este teu dissertar ou dissecar ou qualquer coisa terminada em ar deixou-me para aqui a rir sózinha, está mesmo demais, primeiro é as palavras que usamos de facto há que ter cuidado :) depois foi um voltar atrás, ao ovo de cozer as meias :)) já nem existe :)) e quanto "aquilo" é mesmo aquilo e pronto!
Beijos Grandes adorei ler o teu lado mais malandro e divertido! parabéns
Bem... Diversão em seriedade, ou uma forma leve de encarar problemas. Gostei :)
Fica bem,
Miguel
Pode-se evitar isso comprando a lotes nos magazines, tipo: 3 pares de meia/cueca por R$ 9,99, rs...
Novamente, passando pra deixar aqui um beijo e bons desejos.
Bjs
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