29 abril, 2007

pensamento de Burro



























a inveja é uma cadela barriguda e pegajosa
persegue sempre pelo menos duas pessoas; o invejado e o invejoso



antónio paiva

Boa semana a todos/as.

27 abril, 2007

mágoas minhas

(fotografia antónio paiva)




magoaram-me
porque não gostam que eu sonhe em voz alta

eu magoei-te
com ciúmes da tua meia dúzia de sereias prateadas

na verdade
eu gostava de ter um castelo de conchas como tu

tal como tu
ter muitos peixes coloridos e rendas de coral

na verdade
eu tento desesperadamente pescar no mar da tua delicadeza

eu não sei
mas tu sabes o quanto custa manter uma flor com vida

eu sou egoísta
tu passas a vida de braços estendidos e peito aberto

magoaram-me
e eu estupidamente magoei-te

mas confesso
gosto de ti, das tuas sereias e do teu castelo

antónio paiva








querem que eu seja muitas coisas:
bom, mau, atencioso, simpático
dedicado, hipócrita, carinhoso
rebelde, humilde, determinado
sincero, mentiroso……

só não querem que eu seja uma coisa:
eu próprio



antónio paiva
Bom fim-de-semana a todos/as.

26 abril, 2007

























(fotografia antónio paiva)

ainda que te doa o corpo
ainda que as pálpebras fiquem pesadas
abre o peito de par em par
como uma janela para a serenidade


antónio paiva

25 abril, 2007










quando dois olhares francos se cruzam
nasce um sorriso

antónio paiva

24 abril, 2007

ainda a propósito de liberdade

Caras amigas e amigos, deixamos aqui um conselho de Burros:

Se identificarem uma estupidez, não tomem a liberdade de a denunciar!

Sim, é verdade, não a denunciem, porque se o fizerem, o que vos pode acontecer, é assim tipo como por artes mágicas, passarem vocês a serem os estúpidos, e o autor da dita identificada, sai em ombros e glorificado!

Esta merda desta posta não tem direito a comentários, porque é uma merda de um desabafo!
























(fotografia antónio paiva)


a liberdade não é um direito
é um dever

antónio paiva

22 abril, 2007

a propósito de felicidade

(fotografia antónio paiva)





A propósito da questão que nos foi deixada na caixa dos comentários, a qual passamos a transcrever:

Vladimir said...Refere François Chateaubriand que “não somos nada, sem felicidade”.
Qual é a sua opinião sobre este tema?


Antes de opinar, deixamos aqui uma nota introdutória, da autoria de terceiros:

..........
Recordamos então um amigo, que afirmou que só quem ainda não encontrara qualquer coisa parecida com a felicidade se poderia dedicar a escrever poesia. Pasmámos, porque ele ainda era jovem e até já publicara alguns poemas de qualidade. Tão jovem e já tão assim satisfeito e tão sentado? E lembrámo-nos de um dístico, quase epígrafe: “E se fôssemos felizes, que desejaríamos então?”

extraído de um texto de opinião do programa de rádio, Onda de Leitura, RDP Madeira, Antena 1, sobre o meu livro "juntando as letras", que pode ser lido na íntegra aqui, Os Meus Livros
.............

Como se pode verificar, a questão não é pacífica, na realidade o ser humano necessita de estímulos e afectos para encontrar equilíbrios.

A partir desta perspectiva pode-se dizer, que o ser humano se sente feliz quando alcança um nível satisfatório de equilíbrio e bem-estar.

Mas fazer afirmações categóricas, sobre questões individuais, é lavrar no erro, porque o que me faz feliz a mim, pode fazer infeliz outra pessoa ou vice-versa. Claro que a tentação de fazer doutrina do pensamento está sempre presente, a vontade de condicionar e influenciar o outro é desde os primórdios da humanidade, um objectivo que se persegue, umas vezes pelas melhores razões, outras pelas piores.

Afirmar que “não somos nada, sem felicidade”, é bastante redutor, é praticamente afirmar que sem ela não existimos, claro que existimos e somos, pelo menos um ser humano, mesmo que infeliz.

O importante, é não desistirmos de buscarmos os nossos equilíbrios, ou se quiserem a nossa felicidade, tentando acima de tudo não beliscar a dos outros. Quantas vezes somos felizes e nem damos conta disso.

Em minha opinião, são as coisas simples que nos fazem felizes, mas às vezes não acreditamos por serem tão simples. Como por exemplo, achamos que um texto para ser belo e bonito, tem de ser muito elaborado, é a nossa tendência para complicar o que é tão simples, do mesmo modo entendemos que a felicidade tem de ser um diamante lapidado, eu também não fujo à regra.

Um sorriso, uma paisagem, uma fotografia, um poema, partilhar afectos, sentir as brisas o perfume das flores, os cheiros do mar e da natureza, bastam para nos fazer felizes e estão mesmo ali à mão. Na verdade na verdade, felicidade é pode viver.

Ou então fazer uma:


pausa


deixem-me ainda que ingenuamente
acreditar na utopia
agora que tenho tempo.
Depois podem fazer ruído
recuperei algum equilíbrio
é só um instante já vou abrir.


do meu livro "juntando as letras



Boa semana a todos/as.

20 abril, 2007

(fotografia antónio paiva)



ando à procura de mim
esqueço-me sempre do último lugar onde me deixei



antónio paiva
Bom fim-de-semana a todos/as.

18 abril, 2007

ouves-me?

(fotografia antónio paiva)



um sonho quando abandonado
vira sombra do passado

o poder ainda puro do teu sorriso
é o que mais me comove

se o mundo nos fere de temor
são os sonhos que nos trazem harmonias

o quase amor, o quase paixão
é o que faz de nós seres incompletos

ouves-me?
lembra-te dos segredos que só o vento sabe

vamos acender fogueiras na noite
queimar as sombras do passado
num presente de sonhos com futuro


antónio paiva

16 abril, 2007

(fotografia antónio paiva)




procuro com todas as minhas forças
não cair no abismo dos cérebros sugados
os cabeças ocas são os piores
não fazem discursos de improviso
escrevem-nos minuciosamente
depois debitam-nos com os lábios gelados

antónio paiva

15 abril, 2007

fomos nomeados......

Isabel-F. said...
Pelo que já aprendi contigo e por muito mais ... elegi-te um dos meus 5 Blogs preferidos ... tens lá um Award ... é teu ...


Bem, isto deixa-nos um pouco constrangidos, quando iniciámos esta caminhada, não sabíamos sequer o que era este universo da blogosfera, para falar verdade ainda o estamos a aprender, vontade sempre foi e continuará a ser, partilhar ideias vontades e sentimentos, não o fazemos inocentemente, claro que não, mas fazemo-lo sem qualquer outro objectivo.

Agradecemos naturalmente a distinção, ainda por cima vinda de quem vem. Mas o que realmente queremos é continuar a merecer a visita de todos.



Assim sendo, e como nos compete nomear 5 blogues, tarefa nada fácil nem agradável, mas não a rejeitamos, os critérios que utilizámos foram: originalidade e qualidade dos conteúdos, alguma assiduidade bem como longevidade. Aos que gostamos, respeitamos e admiramos, mas não nomeámos, agradecemos a compreensão.

Os escolhidos e exibidos por ordem alfabética, são:

Impressões e Intimidades

Miguel Gomes

Moriana

Nilson Barcelli

Vou Ali e Já Venho

A estes compete-lhes: ou ignorar a nossa nomeação ou copiar o logótipo do Award, para os respectivos blogues e fazerem também eles 5 nomeações.

Os nossos agradecimentos.

Boa semana a todos/as.

13 abril, 2007

Centro de Investigações do Burro

Exmos. Senhores(as),


Amigos/as, leitores/as e visitantes/as, nós Burros desta pastagem, também fizemos a nossa investigação, ah, pois fizemos, demorámos mais tempo a divulgar os resultados, que o Sr. José Sócrates a responder ao país, mas isso já é fruto das nossas limitações intelectuais, para o que desde já pedimos a vossa compreensão, bem como humildemente pedimos desculpa.

De qualquer modo revelamos aqui e em primeira-mão, o resultado desta investigação independente:

1. Apurámos que o cidadão em causa, não é Sr. Engenheiro, mas sim o Sr. José Sócrates.

2. Apurámos que o Sr. José Sócrates não é Sr. Engenheiro, mas sim Sr. Primeiro Ministro.

Perguntar-nos-ão como chegámos a estas brilhantes conclusões, pois perguntam muito bem e nós modéstia à parte respondemos ainda melhor, de forma simples e clara, ora aqui vai:

No ponto Um, através da Certidão de Nascimento do Sr. José Sócrates.

No ponto Dois, através dos resultados das últimas Eleições Legislativas.

Bem sabemos que alguns ao lerem isto exclamarão logo: Ora aqui estão mais dois que o colocaram no poleiro!

Ao que nós respondemos categoricamente: Estão enganados, nós não votámos no Sr. José Sócrates! Se o tivéssemos feito, não tínhamos qualquer problema em o admitir.

Outros dirão: Mas se há dúvidas, não devem ser esclarecidas?

Ao que respondemos de novo categoricamente: Claro que sim! Mas de forma civilizada e séria!

Mas como é sabido, quem não tem poder legitimado, gosta de bater em quem o tem, também é justo salientar aqui, que esta atitude não é apenas de uma ou de outra cor política, ou de uma ou outra classe profissional, mas sim generalizada, infelizmente. Basta estarem fora da esfera do poder, para adquirirem essa atitude, também não deixa de ser grave que nós o povinho lhes damos cobertura.

Por aqui preocupa-nos saber se o Sr. Primeiro Ministro, enquanto Sr. José Sócrates, cometeu erros, mentiu ou cometeu alguma falha grave, mas não alinhamos em julgamentos na praça pública, nem em linchamentos de carácter de forma leviana.

Preocupa-nos também, que os responsáveis pelo partido que se apresenta como alternativa, passe tempos infinitos em questões de lana-caprina, em vez de se prepararem para se apresentarem como alternativa credível e bem preparada. Isso sim, isso é que era serviço. Em vez de passarem o tempo com atoardas e guerrilhas internas.

Preocupa-nos que a forma como é tratado, o Primeiro Ministro do nosso País, seja lá ele de que cor política for. Quando ocupam esse cargo, foi por vontade da maioria de um povo, e temos de saber respeitar isso. Existem órgãos de soberania para escrutinar qualquer Primeiro Ministro, seja ele quem for.

Não esqueçamos, que as próximas eleições legislativas parecem estar longe, mas o tempo passa mais depressa do que julgamos. Querem melhor altura para fazer um julgamento?

Mas recuando um pouco, para uns é o Sócrates, para outros é o Zé, outros ainda o Eng.º, e por aí fora. Meus caros gostemos ou não da cor política de onde ele é oriundo, o Sr. José Sócrates, é o Primeiro Ministro de Portugal, é assim que deve ser tratado e respeitado, julgamentos e condenações, têm lugares próprios e formas civilizadas de serem feitos.

Depois admiramo-nos e ficamos chocados, quando crianças e jovens insultam e agridem professores nas escolas. Pois com exemplos destes, por parte de pessoas com grandes responsabilidades políticas e não só, como pais também. Do que estamos nós à espera? Será de milagres?

Nota da Redacção da Pastagem:
O direito ao contraditório é ali em baixo.

Os nossos agradecimentos e bom fim-de-semana a todos/as

11 abril, 2007

deixem navegar as palavras

(fotografia antónio paiva)

deixem navegar as palavras

andam tristes magoadas

pelas bocas na maledicência dos arautos

punhos crispados

vergam as penas pela violência

a aridez maldita

seca os tinteiros dos poetas

deixem navegar as palavras

não as remetam ao silêncio por vergonha

antónio paiva

10 abril, 2007

respostas adultas de uma criança

Numa reportagem sobre o fim das férias da Páscoa, o repórter obteve de uma criança as seguintes respostas:

Repórter: Estás a gostar das tuas férias?
Criança: Estou sim!

Repórter: Mas amanhã já tens de ir para a escola, não é?
Criança: Sim! Amanhã já vou trabalhar!

Repórter: Mas não te custa ir à escola?
Criança: Não! Eu gosto de trabalhar!

Aprendam, que criança nem sempre tem paciência para perguntas de adultos.

09 abril, 2007

gosto de partilhar

(fotografia antónio paiva)


gosto de partilhar silêncios
tesouros escondidos na gruta

gosto de partilhar palavras
murmúrios entre rochas e mar

gosto de partilhar olhares
doces mensagens sem palavras

gosto de partilhar sorrisos
carícias do rosto sem tocar

gosto de partilhar segredos com o vento
que os deposita no mar

se hoje te puderes escutar
embala-te nas ondas, nunca é tarde para recomeçar

pode o amor não ser tudo
vai caminhando devagar, pode passar por aí o destino

a espuma é a essência
da harmonia tantas vezes negada, que comove
antónio paiva
Boa semana a todos/as.

03 abril, 2007

A Razão das Crianças

(fotografia antónio paiva)

Num canal televisivo, ouvi algumas crianças afirmarem com bastante convicção, que as pessoas boas quando morrem vão para o céu e as más ficam na terra.

Eu, que desde criança sempre ouvi dizer, que os bons iam para o céu e os maus iam para o inferno, confesso que fiquei confuso, intrigado, fiquei danado, senti-me traído, enganado, pois foi preciso esperar até esta considerável idade, para que viessem estas simpáticas e generosas crianças dizer-me uma coisa destas.

Em perfeito estado de choque fiquei a matutar no assunto, raios, eu habituado a estender os ossos na enxerga com a convicção de que este era um problema totalmente resolvido, glorificando assim o meu génio sabedor, eis que surgem estas crianças inesperadamente para me complicar a vida.

Atirei o corpo fora dos lençóis, decidido a não virar os olhos enjoados à realidade das coisas, e desabafei heroicamente: tens de trepar a ladeira das dúvidas e esclarecer isto de uma vez por todas.

Decidido a levar a tarefa a cabo, aconcheguei-me na cadeira assim como a querer aquecer o pensamento e arregacei as mangas, foi por essa altura que por lógica associação de ideias (pelo menos para mim), me lembrei que em muitos momentos da minha vida a terra parecia minguar à minha volta.

Afinal, a inteligência instintiva que arde em todas a mentes e pelos vistos na minha também, está sempre a enviar-nos alertas, aos quais nem sempre damos a importância que devíamos, ora bastava eu acender os olhos pelas ruas, com um pouco mais de trabalho estendê-los pelo mundo, para não ter de ficar à espera que estas amorosas crianças me viessem dizer o que é óbvio.

Então não andam por aí adultos a alegar que, o castigo e a humilhação das crianças, são apenas para as aliviar dos diabinhos que transportam no corpo, cuspindo a torto e a direito discursos cavernosos, em defesa de uma coisa que só pode ter um nome: crueldade. Quantos deles não começam o dia logo pela manhã, a dar uns valentes açoites nos filhos, «caluda se não ainda levas mais», depois compõem a gravata e vestem casaco, saindo de casa com a hipócrita serenidade, de quem acha ter cumprido um elementar dever paternal.

Como se isto já não bastasse, ainda há as bestas com cara de boa pessoa, que os violam e violentam, deixando aos inocentes uma dolorosa sensação de culpa, que afogam mares de lágrimas, num choro abafado que ninguém ouve. Mas os malditos lá querem saber daquelas dores de tenra idade.

De vez em quando lá aparecem uns protectores, com um ar de quem tem olhos onde os anjos fazem ninho, esbracejam, gritam, bradam, bradam, enfim os típicos sofredores públicos, alguns pagos a peso de ouro, existem para aparecer com o coração em chamas, sempre que alguma vítima chora mais alto. Inclinam-se carregadinhos de piedade sôfrega, mas depois, depois, de alma vazia e ironicamente aconchegada, regressam ao conforto das prateleiras douradas.

- Palermas!

Então que culpa tem o inferno que esta gentalha exista, para ter de levar com eles?

Nenhuma! Claro, nenhuma!

As crianças têm toda a razão, esses animalejos ficam na terra e bem fundos, só tenho pena é que a terra tenha de levar com eles, de digerir todo aquele veneno asqueroso, tenha de viver aflita e agoniada, com vontade de gritar:

- Fui humilhada!!!!



antónio paiva