presunção e água benta
presunção e água benta
da primeira me penitencio amiúde
da segunda tomei por imposição,
de quem achou por bem culpar-me,
do “pecado” da carne que até então,
não cometera quer por indigência,
ou sequer por consciência.
quiçá por culpa do atrevimento
de ousar ter nascido, invadindo
a pureza imaculada das batinas,
conspurcando o branco sagrado,
de saiotes e evangélicos colarinhos.
cresci na dureza que até hoje mordo,
o pagamento por pérfido, da bula carnal,
mastigando a casca de aleivoso e ímpio,
chicoteai-me sacripantas chicoteai-me,
por ousar monstruosas afrontas,
adormecei serenos e castos,
na alva brancura do vosso leito sevandija.
benzo-me, três vezes me benzo antes de ir.
4 comentários:
António!!!
Já me livrei (conscientemente) dessa carga que nos impuseram à nascença!
Mergulhar no mar faz bem. E hoje está dia para isso mesmo.
Um beijo
um dia alguem me ensinou mais ou menos assim:
presunçao e água benta, cada um toma o que quer.
achei o teu texto/poema bem alinhavado.
beij
Como já disse em outro local, gosto muito deste texto, muito mesmo.
Deixo-te um beijo
"presunção e água benta, cada um toma o que quer".
Também me ensinaram.
Da 1ª - às vezes.
Da 2ª - nunca.
Mas o poema é interessante.
Um abraço
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