31 março, 2009

breve ensaio ao tempo


tempo breve, lento o tempo,
tempo arredio em marcha de caranguejo.
tempo esguio mentiroso e fugidio,
tempo seco barbatana de raia no estio.

e um tempo a embalar a insónia,
à espera que o sono escorra pelos beirais.
tempo de cópula dos ponteiros do relógio,
no cio dos segundos em orgasmo estéril.

o tempo das cigarras em desgarrada,
das corujas em desmesurado pio.
faz-me tanta falta, o tempo
que medeia entre a proa e a ré do navio.

meço o tempo onda a onda,
o tempo breve onde respiro liberto.
num tempo vago e de horizonte aberto,
densa partitura de instantes mínimos.

e tudo se agita num silêncio,
tão breve quanto o meu tempo.
o tempo se esfumou sem eu dar conta,
e a noite desfez o céu ainda há pouco em presença.

2 comentários:

Menina do Rio disse...

O tempo... Sempre breve!
Sempre a escorrer...

Um beijo

Vanda Paz disse...

Sabes amigo, tuas palavras são sábias. É bom ler-te, por vezes uma boa leitura é o suficiente para continuar em frente.

Obrigada

Beijo desta tua sempre amiga