07 fevereiro, 2007

a nobre arte do fazer de conta

(fotografia chuvamiuda)

nos dias em que não me quero ver, utilizo o espelho opaco. justifico a inépcia recorrendo às frases gastas. justifico a existência amorfa, receitando sapientes mezinhas aos outros. é tão reconfortante curarmos a feridas dos outros, enquanto as nossas ardem em carne viva. mas haverá melhor remédio que o sal das lágrimas alheias? claro que não. temos sempre piedosamente à mão o pacotinho dos lenços de papel. que estendemos diligentemente, acompanhado de uma palmadinha nas costas. enfeitado com o ar de curandeiros infalíveis

antónio paiva



16 comentários:

Kalinka disse...

Os nossos caminhos têm andado um pouco desencontrados...mas hoje cá estou. É um dia em que estou deveras comovida, de vez em quando lá cai uma lágrima, não consigo evitar. Faço-te um convite:

Hoje, dia 7 - um post especial num dia também especial - para minha Mãe. Convido-te.

A vida é uma passagem sim, feita de lugares certos e errados, palavras ditas e não ditas, correctas ou não, mas que com elas construimos essa vida e esse caminho da vida de um tempo que não volta mais...
fica apenas o sabor doce e/ou amargo de algumas palavras em momentos certos ou errados....

Beijos e abraços.

kurika disse...

Tenho andado a curar feridas dos outros, sem me aperceber que as minhas andam a ganhar gangrena!

Neste momento da minha vida, nada mais real do que acabas de descrever.

Incrível.

Um grande beijinho.

Boa noite.

lifeyes disse...

E não é que às vezes resulta mesmo :)

stela disse...

os lencinhos de papel andam sempre comigo na mala, não me recordo de ter pegado em algum para mim, recordo-me sim de ter chorado pelos outros, de lhes ter limpado as lágrimas... sabes... por vezes tenho a sensação que assim me vou ajudando, vou tratando as minhas feridas...
beijos da narisinho!

Unknown disse...

As nossas frases feitas estão sempre ali para os outros... Assim como o lenço, a palmadinha nas costas...
E nós? Por vezes não nos olhamos mesmo...

Beijinhos

Anónimo disse...

para ti Antonio...!

Se tiveres vontade de chorar, chora,
como as crianças.
tu foste uma criança um dia, e umas das primeiras coisas que aprendeste na tua vida foi chorar; porque faz parte da vida.
Jamais esqueças que és livre, e que demonstrar emoções não é vergonha.
Grita!
Soluça alto, fáz barulho se tiveres vontade ...
Porque assim choram as crianças, e elas sabem a maneira rápida de sossegar seus corações. Já reparas_te como as crianças param de chorar?
Alguma coisa as distrai, algo chama a atenção delas para uma nova aventura.
As crianças param de chorar muito rápido.
Assim contigo tambem ...
mas apenas se chorares como chora uma criança ... -

beijinho quente doçe e ternurento como tu.

Patricia Espinho


p.s.Olha se não quiseres que eu faça comentários diz ok que eu respeito****

Isabel Filipe disse...

"...
é tão reconfortante curarmos a feridas dos outros, enquanto as nossas ardem em carne viva.....
..."

por vezes até é...

bj

Alexandre disse...

Olá, cheguei aqui porque temos alguns comentadores bloguistas em comum, e estou fascinado com o que aqui se escreve e se mostra, em especial a temática desse animal que eu considero nobre, infelizmente mal tratado, mas que tem acompanhado o homem ao longo da história, que é o burro - acho que um dia destes tb vou postar sobre os burros, tb tenho umas fotos deles...

Obrigado pelo teu blog, muito arrumadinho, agradável e útil!
Um abraço!!!!

Bernardo Kolbl disse...

Mau humor? Ou comédia? É que ele há burros, eu e há Burros, o Kamarada.
Bom dia.

rascunhos disse...

cada um arranja a sua maneira muito própria de libertar o peso de cima...

porque não?

um beijo

sê feliz

kurika disse...

Obrigada pelo beijo de reconforto...Reconfortou.

Ando um pouco "ranhosa" ultimamente...!!! Ista passa!

Para ti, aquele xi

Bernardo Kolbl disse...

Bom fim de semana.

Um Poema disse...

E curar as feridas dos outros às vezes custa tão pouco...
Um abraço

PintoRibeiro disse...

Passei, abraço,

Caiê disse...

Eu também sou boa em curar dores alheias... mas até me costuma fazer bem às minhas. Talvez vá para missionária, ah ah ah!

segurademim disse...

... não me revejo nos gestos descritos


choro abertamente sem esconder a dor! pela dos outros também choro


(lindo o mar do cabo)

beijo :)