07 abril, 2008

Excerto

...


Às palavras tudo darei, até a minha vida, a minha morte não serve para nada, por isso a guardo para mim. Há uma linha de terra que separa o mar dos meus olhos, um extenso areal de palavras onde estendo o corpo e a mente, uma linha azul lá longe a separar o mundo da minha boca. Ainda assim, há sonhos em que adormeço com os olhos despidos de pálpebras, celebrando a vida no limiar das têmporas. Momentos em que os silêncios nus de torpores desenham planícies. Searas verdes e árvores sapientes que me suportam a cabeça. Mais tarde loiras espigas de trigo que se me afeiçoam aos lábios enquanto bebo a frescura da sombra.
...
(excerto de texto)
antónio paiva

10 comentários:

kurika disse...

Depois de um dia extenuante...só tu...para que nas tuas palavras nos transportes para bem longe daqui...!

Beijinho

Ana disse...

Este texto fez-se, na minha leitura, em viagem e arrepio!
Tem a força duma rajada de vento e a suavidade duma pena de pássaro: continuas a juntar letras com paixão.

Vanda Paz disse...

Obrigada por este momento.
Para mim os teus textos cada vez estão mais ricos de sentimentos, mais cheios de imagens sensuais e puras.

Parabens, fico à espera do resto.

Beijo

un dress disse...

tudo o que pedem: tudO :)







beijO

Um Momento disse...

Até eu me senti ... a teu lado nestas tuas palavras...
Beijo Amigo... no teu coração

(*)

impulsos disse...

António
É apenas um pequeno excerto de um texto que, adivinho ser bem maior.
Mas mesmo que não o fosse,o essencial já aqui está, neste pedacinho de sentimento vindo do fundo de ti.

Quem me dera saber escrever assim...

Beijo num impulso meu

foryou disse...

Eu logo vi que tantas palavras doces tinham de ter loiras à mistura :P

Beijinhos de uma não loira :)

Joana disse...

Sim AMigo,
sou testemunha como dás tudo pelas palavras. Sei como tudo de ti é sabedoria e paixão pela literatura, mesmo que com alguma "i"modéstia tentes fugir dos elogios!

Beijinho grande e aquele abraço...continua a perseguir os sonhos, força!

Nilson Barcelli disse...

Gostei imenso deste excerto.
Escreves com um toque poético que torna o texto literariamente interessante.

Bom resto de semana, abraço.

Sandra Fonseca disse...

"Ainda assim, há sonhos em que adormeço com os olhos despidos de pálpebras, celebrando a vida no limiar das têmporas"...

Descrição fidedigna do seu ser poético...
Um beijo,
Sandra.