09 outubro, 2008

Um momento escrito a tinta permanente

Habita-me agora um halo de sossego, um estar isento de desperdício. A vida a correr leve, sem murmúrios inúteis. Um brando correr da alma. Aqui, agora, até a aragem é perfeita. Um momento sereno e recanto meu. É assim o perfume humilde do amanhecer.
Dentro e fora de mim tudo sinto por igual. Esta luz matinal serenamente a esculpir o mundo dos meus olhos. Sim, há momentos em que até a nuvem mais escura tem brilho. E aquela roupa branca a adejar no estendal, é a magia das memórias sem saudade, que me estão a bater à porta. Vou abrir.
O azul por cima do azul do oceano corou. Atmosfera alaranjada beijando o mar. E esta brisa de emoção que desperta em mim. Esta luz que entra dentro de mim. Como uma criança em viajante adulto acabado de chegar. É neste tempo que os relógios não sabem contar, neste espaço que não se mede, que a Vida me habita a alma.

Um momento escrito a tinta permanente.

1 comentário:

Ana disse...

Tiro os sapatos com o seu pó dos caminhos. E, de pés nus, caminho devagar pela areia macia da tua escrita, sentindo-lhe o pulsar. E acontece que neste tempo que os relógios não sabem contar, neste espaço que não se mede, que a Vida me habita a alma.