breve ensaio ao autor
leiam-me com o mesmo vómito de desprezo,
com que deitais o olhar furtivo a um mendigo.
mas leiam-me,
e não me deis palavrinhas de aconchego.
vinde antes temperados de azedume,
zurzindo impiedosamente o chicote do castigo.
mas leiam-me,
que desta alma não ouvireis um só queixume.
e se sois vós ainda tão tenros e já sentados,
pois leiam-me,
e nesse mínimo castigo expiareis vossos pecados.
sou feito de matéria bárbara e firme,
nas palavras me abrigo e busco a nudez do simples.
então leiam-me,
nesta convergência de fluxos e matéria sublime.
nocturno amante de insectos espuma e pedra,
animal à sombra e à chuva de opacos melindres.
então leiam-me,
ao som dos latidos enquanto a iliteracia não ferra!
(de breve em breve se edifica a consciência)
4 comentários:
leio!!! é claro que leio!!
:)
beijoooooo
queres azedume? não sei o que é...
nem chicote eu tenho...
:))
beijo, António
um pouco amargo...parece cantigas de maldizer.
quero ler-te, mas coloca um pouco de mel.
ups...
beij
nesse "mar" em que navegas é difícil não receber "palavrinhas de aconchego"! elas abundam!
mas em contra-partida... tornam outras poucas(?) "temperadas de azedume" que possam surgir muito mais saborosas...
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