19 setembro, 2008

Reflexões

Labirinto de letras, infinitas teias de palavras, umas vezes a desenhar movimentos de ternura, outras crucifixos de mágoa. De rosto mergulhado nos joelhos, adivinho o oceano de brumas. A necessidade de simular o exílio. De viver a solidão na sua plenitude, e não de a escrever. Não, não é a busca do sofrer, é, isso sim, a ânsia do saber.
Talvez a busca “da cura para uma enxurrada de sombras”, tal como escreveu Pessoa. A enxurrada dos meus passos à beira da minha sombra. Janelas tomadas de musgo pelo receio de as abrir. Tudo o que necessito de compreender antes de referir. O medo de trair as palavras na nulidade do respeito pela sintaxe, em vez de as deixar extravasar livres e dignas, à margem do torpor que me domina o corpo, e amolece o cérebro. A magnitude do seu bailado a deslizar no branco.
Há palavras que me recordam lugares e vivências. Me fazem sentir o mundo tal como o respiro. Me desenham a perfeição dos silêncios. E me surpreendem na suavidade quente de um sorriso. Contam-me histórias do meu tempo que outrora parecia infindável. Outras vezes penteiam estrelas enquanto me alertam do tempo que me resta.

3 comentários:

Lyra disse...

Lamentavelmente não me tem sido possível visitar este blog com tanta assiduidade quanta ele merece e que eu gostaria.
Fica, no entanto, a promessa de um regresso em breve para uma leitura pormenorizada.

Até lá ficam os desejos de tudo de bom e um excelente fim de semana.
Beijinhos e até breve.

;O)

P. S. - Nunca me esqueço de ti!

Ana disse...

Deambulo pelo labirinto das tuas letras. E as tuas reflexões tornam-se minhas também. As teias das palavras Contam-me histórias do meu tempo que outrora parecia infindável,

Vanda Paz disse...

Parece que não sou só eu que gosto de te vir respirar, ganhar forças com o prazer de ler aquilo que escreves... um belo texto, já te tinha dito noutro lugar.

Uma boa semana e um beijo