Caligrafia de instantes
A tarde acabou de entrar pela janela do costume, fazendo jurisprudência do hábito. A luz dá início à sua viagem pelas fissuras. E o texto começa a nascer na superfície das palavras. O pensamento viaja até à profundidade suprema, purificando o interior. Há palavras a aderir à página enquanto aguardam pela fulgurância do nascimento de outras. Conferindo ao texto a força e um brilho novo.
Nestes instantes de privilégio surgem as preferências do desejo. Organizam-se os espaços íntimos. Dissolvem-se verbos e predicados em fluxos latentes de preia-mar, nascem frases no espraiar das ondas murmurando palavras. Olhando esse mar fico suspenso na minha vida interior, enquanto as gaivotas despertam do sono tardio.
A minha vida está cheia de erros que me levam à escrita. Sou dependente das palavras, para colmatar um vazio lúcido que me habita. Este sonhar acordado de escrever mantendo a limpidez da página. O alcançar a pureza da escrita. Mas o enredo é sempre tão complicado.
Reúno fragmentos, caligrafia de instantes, a pele da minha pele. E alma toda. Tudo isto eu entrego de livre vontade à essência da palavra. E em cada página procuro desfazer o erro, tarefa árdua e muitas vezes dolorosa. Ainda assim muito mais gratificante do que a existência em estado precário e ensimesmado.
Nestes instantes de privilégio surgem as preferências do desejo. Organizam-se os espaços íntimos. Dissolvem-se verbos e predicados em fluxos latentes de preia-mar, nascem frases no espraiar das ondas murmurando palavras. Olhando esse mar fico suspenso na minha vida interior, enquanto as gaivotas despertam do sono tardio.
A minha vida está cheia de erros que me levam à escrita. Sou dependente das palavras, para colmatar um vazio lúcido que me habita. Este sonhar acordado de escrever mantendo a limpidez da página. O alcançar a pureza da escrita. Mas o enredo é sempre tão complicado.
Reúno fragmentos, caligrafia de instantes, a pele da minha pele. E alma toda. Tudo isto eu entrego de livre vontade à essência da palavra. E em cada página procuro desfazer o erro, tarefa árdua e muitas vezes dolorosa. Ainda assim muito mais gratificante do que a existência em estado precário e ensimesmado.
Agora vou até à fonte beber das palavras. O livro.
6 comentários:
Acabei por ficar aqui a ler o presente e o passado... É muito bem feita! Quem manda andar desaparecida?!
(gosto mais de ti em prosa que em verso... as minhas capacidades são limitadas :P )
Beijinhossssssss
um texto muito enriquecedor.
aliás, como toda a sua escrita.
um beij
Um texto que se lê com muito agrado, de natureza intimista, motivo pelo qual a visita a este blogue é sempre uma delícia. Boa semana com tudo de bom.
É por esta e por outras escritas assim, que admiro o seu criador, que, para mim, é um verdadeiro mestre com quem tenho vindo a aprender imenso e a tentar crescer.
Obrigado por mais esta lição de escrita!
Beijo
É nestes textos onde a alma e o sentir se põem a nu que entramos na intimidade do escritor. Que partilhamos. Que comungamos deste pão que é a palavra. Que largamos o caminho do nosso próprio pensamento para seguir lado a lado com o autor da escrita.
Como sempre...consegues elevar-nos ao teu pensamento, à tua história, à tua escrita, clara e limpída, e seguir contigo o teu caminho.
Um beijinho
Saudades
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