28 janeiro, 2009

um grito em cada verso






ilusões meio ardidas
de poeta discursando à lua
quais beatas de cigarro

nem nos olhos nem na pena
lhe brotam palavras felizes
o mundo a sangrar discórdia

nuvem de todas as nuvens
arame farpado de preconceitos
a sombra pesada no peito

depois mentem-lhe
mentem-lhe sempre a eito
em sementeiras de antolhos

e na fúria sagrada do poema
sem medo de punhais ou infâmias
de olhos bem abertos fixando o mundo

ouviu-se um grito em cada verso;
sacripantas, mangas de alpaca,
cata-ventos miseráveis, pulhas do universo,
abaixo a morte e a mentira, abaixo a morte
e a mentira! abaixo! abaixo! abaixo! abaixo!

7 comentários:

Maria disse...

Fortíssimo!
E eu grito contigo.

Beijo

escarlate.due disse...

dá para não berrares que aqui ninguém é surdo? :P

gostei António! deste gostei mesmo!
do outro mais abaixo nem por isso, não gosto de solidões de pedra, pobre mulher

beijinhos

Um Poema disse...

....

Forte!
Um grito de revolta.
Belo!

Um abraço

Ana disse...

a sombra pesada no peito

..............
ouviu-se um grito em cada verso;



Às vezes gritamos para fora, às vezes gritamos por dentro.

Porque ainda nos resta capacidade de sentir. Agir também, mesmo sabendo que não ultrapassaremos todas as barreiras.

Vanda Paz disse...

Ao nivel dos grandes mestres da poesia. Parabéns!

Bjo

Claudinha ੴ disse...

Que ao menos à inspiração sirva a mentira e suas abomináveis consequências. Lindo, Poeta!
Beijo!

david santos disse...

A mentira, sim! Mas a morte, não!
Se assim fosse nunca mais nos víamos livres desta (...)

Abraços.