06 janeiro, 2006

O Burro no Mundo Laboral

Como é do conhecimento público, o desemprego no nosso país, situa-se no assustador número de Meio Milhão, num país com cerca de dez milhões de habitantes, se deduzirmos idosos, crianças e jovens a frequentar os diversos escalões de ensino, não é difícil perceber que o número de desempregados é avassalador.
Sabemos também, que devido à actual conjuntura económica, a possibilidade de encerramento de mais empresas é bem real, o aparecimento de novas empresas pela mesma razão, infelizmente não parece algo com que se possa contar.
A deslocalização dos grandes grupos empresariais, para a Ásia e Europa de Leste, são desde á algum tempo uma realidade incontornável, quer pelo baixo custo da mão de obra, quer pelo elevado grau de formação da mão de obra disponível, sobretudo no Leste Europeu.
Perante o acima relatado, o meu companheiro e eu, temos andado a dar voltas à mioleira, para tentar-mos perceber, o que se passa na Auto Europa, de facto confessamos humildemente, que não percebemos mesmo.
Vejamos, trata-se de uma empresa de alta tecnologia, com um peso elevadissimo na economia nacional, emprega um número de trabalhadores invejável, com salários nas diversas categorias profissionais, bem acima da média nacional, proporciona aos seus trabalhadores, formação profissional de elevado nível, embora esta seja necessária ao desepenho das suas funções na empresa, não deixa de ser uma mais valia para os mesmos.
Antes do final do ano de 2005, foi tornado público, que a Comissão de Trabalhadores e a Administração da Auto Europa, tinham chegado a um pré acordo, sobre massa salarial e outras regalias, para o ano de 2006, mas logo de imediato estruturas sindicais, saltaram a terreiro, colocando em causa tudo o que fora pré acordado, fazendo regressar todo o processo à estaca zero.
A sindicância é útil e necessária, em qualquer situação da vida negocial e laboral, mas nunca deverá ser efectuada de forma atabalhoada e irresponsável, ela é muitas vezes utilizada mais por motivos políticos pouco claros, ou ainda por interesses da própria organização sindical, do que para zelar pelos verdadeiros interesses dos trabalhadores que representam.
Todos sabemos da enorme quantidade existente, de Sindicalistas Profissionais, muitos deles com longos anos já de "carreira", que se tivessem de regressar aos seus postos de trabalho de origem, se sentiriam completamente deslocados e inadaptados, tal é a sua ausência da realidade laboral, convém recordar que tudo muda a uma velocidade alucinante, longe vão os tempos, em que um murro na mesa de negociações, correspondia a um direito, uma regalia ou a um aumento salarial pretendido na volta.
Hoje não é apenas a competição empresarial que está globalizada, o mesmo acontece com a mão de obra, os trabalhadores de qualquer ponto do globo disputam entre si um posto de trabalho, é urgente tomarmos consciência disso e adaptarmo-nos a essa realidade.
As empresas não são instituições de solidariedade social, visam o lucro, é obvio que nem sempre da forma mais salutar, os trabalhadores devem naturalmente, procurar manter a sua dignidade enquanto seres humanos, procurando defender os seu interesses, mas devem fazê-lo de forma lúcida, começando por defender o seu posto de trabalho, tentando dentro do que em cada momento a realidade permite, melhorar os seu salários e direitos sociais.
Às organizações sindicais, exige-se o acompanhamento responsável das situações negociais, menos ruído e mais trabalho efectivo, seria conveniente reflectir, se o cada vez menor número de trabalhadores a se inscreverem nas mesmas, não se deve também a posturas muitas vezes pouco abonatórias das referidas organizações.
Cautelas e caldos de galinha, nunca fizeram mal a ninguém, aos trabalhadodores da Auto Europa e trabalhadores em geral, um bom ano de 2006.
O nosso muito obrigado.

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