12 janeiro, 2006

O Burro e os Sarilhos de Santana

Visão Online - Numa entrevista à SIC Notícias, Pedro Santana Lopes afirmou terça-feira à noite que o cenário de «sarilho institucional» entre Cavaco Silva como Presidente e o Executivo de José Sócrates é possível dado o perfil de «Presidente activo ...
Pedro sempre teve uma postura de "enfant terrible", ele entusiasmava os seus pares com os seus discursos inflamados, Pedro criou o seu clube de fãs, digno de qualquer actor de cinema, Pedro foi aumentando a sua popularidade, um dia afastou-se do reboliço da capital, mudou-se de armas e bagagens para o litoral centro, foi presidente de município, atraiu eventos, fazia a capital deslocar-se com frequência ao areal do seu pequeno reino, curiosamente o mesmo local onde em tempos longínquos, Aníbal a propósito de fazer a rodagem de um carro que havia acabado de comprar, se deslocou e saiu de lá presidente de um partido.
Pedro era comentador televisivo, estava em todas, até que um dia foi eleito para governar a capital do reino, a ambição de Pedro não parava de crescer, começou a movimentar-se, a tentar criar bases para uma possível candidatura a Belém, mas o espectro do seu companheiro Aníbal não o deixava respirar, Aníbal era ou não era candidato, Pedro queria saber, mas Aníbal nunca lho disse, nem a ele nem a ninguém, isso deixava Pedro á beira de um ataque de nervos.
O tempo foi passando, até que um dia José Manuel, que era PM na altura, e lhe tinham oferecido uma viagem com estadia bem remunerada até Bruxelas, bateu à porta de Pedro com um presente envenenado, José Manuel sabia como ninguém que Pedro, ambicionava ter um lugar de destaque na sociedade, sabia que Pedro não ia rejeitar duas coisas com que sempre sonhou, ser presidente do seu partido e ao mesmo tempo ser PM, fantástico pensou Pedro, já que Aníbal nunca mais se decidia aquilo vinha mesmo a calhar.
José Manuel, encetou um trabalho de persuasão junto dos seus pares, para que aceitassem aquela solução, conseguiu que temporáriamente, houvesse algum consenso para que Pedro recebesse a herança, José Manuel lá conseguiu partir finalmente, para o seu ambicionado destino, o país agitou-se, os confrades de Pedro não engoliram bem, que ele tivesse assim de um momento para o outro tanta notoriedade, sem ter de disputar eleições para nenhum dos dois cargos que passou a ocupar, mas o que Pedro acabara de receber, era um duplo presente duplamente envenenado.
Pedro lá ocupou o cadeirão de PM, entre saltos e tropeções arranjou a sua equipe, mas Pedro era muito solicitado, quer institucionalmente quer socialmente, ele ia a todas, até que Pedro começou a dormir as suas sestas, aquilo era demasiado, quanto mais ele dormia a sesta, melhor os seus pares lhe faziam a cama, até que Pedro começou a ter pesadelos durante as sestas, quando acordava a realidade era exactamente igual ao que vira nos pesadelos, tudo á sua volta ruía, o que ele dizia de manhã era contrariado à tarde pelos seu pares e vice versa, Pedro estava num beco sem saída, mais ou menos por essa altura surge Aníbal, não para dizer se era ou não candidato, mas sim para ajudar a cavar o buraco de Pedro.
Pedro foi regredindo, regredindo até voltar à incubadora, aí os seu pares em vez de lhe darem esperança de recuperar, davam-lhe abanões na incubadora, Pedro lutou lutou mas não resistiu, teve de sair de cena.
Até que um dia Aníbal, aparece e diz que sim, sim que vai ser candidato, Pedro ná lo seu labirinto de sofrimento, observava a caminhada avassaladora de Aníbal, e pensava ai se eu pudesse, nem que fosse ao menos dar-lhe umas alfinetadas, finalmente pôde, os arautos do reino cansados de diáriamente, transmitirem frases e imagens repetidas, sabiam bem onde estava a chave da reanimação da campanha amorfa, chamaram Pedro, ele não se fez rogado, apareceu com uma pose de mágoa misturada com alguma tranquilidade, tivera estudado préviamente cada frase cada gesto, Pedro sabe daquilo, ele gosta das luzes da ribalta, ele tinha na manga duas palavras para Aníbal, «sarilho institucional», era a nova denominação que Pedro tinha para Aníbal, e que sarilho, no dia seguinte Aníbal ainda encetou um sorriso amarelo, mas quando abordado pelos arautos, caiu o amarelo caiu tudo, fugiram-lhe as palavras, sentiu o chão a fugir-lhe debaixo dos pés, não, não sabia de nada disse Aníbal, em tempos que já lá vão Aníbal dizia que não tinha tempo para ler jornais, agora deve continuar na mesma não lê jornais nem vê televisão.
Pedro a esta hora está contente com a sua facadinha em Aníbal, pelo menos três coisas conseguiu, apareceu na ribalta, retirou o sorriso a Aníbal e reanimou a campanha para as presidenciais, obrigado Pedro a malta agradece.
O nosso muito obrigado.

2 comentários:

Anónimo disse...

Simplesmente FANTÁSTICO!!!
Já cÁ fazia falta ...sim senhor!
Parabéns e continuação de BOM TRABALHO!!!

antónio paiva disse...

O meu companheiro e eu agradecemos, todas as palavras de incentivo, ou criticas construtivas, são bem vindas.

O nosso muito obrigado