não podia deixar passar
"Estou num pedestal muito alto, batem palmas e depois deixam-me ir sozinho para casa. Isto é a glória literária à portuguesa.” Mário Cesariny, autor destas palavras, morreu na madrugada de ontem, aos 83 anos, vítima de doença prolongada, realizando-se o funeral, pelas 14h00 de hoje, do Palácio Galveias para o Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.
Notícia publicada no jornal Correio da Manhã. A fotografia tem a mesma origem.
Jornalista: Marta Vitorino
11 comentários:
Que tenha paz e companhia, agora.
Importante assinalar aqui o passamento de Cesariny.
Como muitos, mais justiçado na hora da morte do que nas da Vida.
Ironias de um tempo e de um País.
Uma homenagem a quem merece fica sempre bem.
marinhiroaguadoce a navegar
Pois é Amigo...as almas brilhantes também partem!
"Faz-me o favor...
Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.
É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és não vem à flor
Das caras e dos dias.
Tu és melhor - muito melhor!
Do que tu. Não digas nada. Sê
Alma do corpo nu
Que do espelho se vê."
Mário Cesariny
Para ti bom AMIGO, que sabes sempre o que eu quero dizer!
Beijo grande e abraço terno
Olá!
Felicito-te pela homenagem a um Homem, com o dom da palavra escrita!
À sua memória!
À sua memória!!!
"Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um abraço teu me procura
Em todas as ruas te procuro
em todas as ruas te perco"
Mário Cesariny
Um beijinho e bom dia
Para não variar, agora devem fazer um documentário sobre a sua vida. Falar dele, lembrar algumas coisas... se calha até uma homenagem ou um qualquer prémio... só que ele já morreu e não vai ver... isso chateia-me sempre!
bjs
"O navio de espelhos"
VII.
Tantos pintores
A realidade, comovida,agradece
mas fica no mesmo sítio
(daqui ninguém me tira)
chamado paisagem
Tantos escritores
A realidade,comovida,agradece
e continua a fazer o seu frio
sobre bairros inteiros,na cidade
e algures
Tantos mortos no rio
A realidade,comovida,agradece
porque sabe que foi por ela o sacrifício
mas não agradece muito
Ela sabe que os pintores
os escritores
e quem morre
não gostam da realidade
querem-na para um bocado
não se lhe chegam muito
pode sufocar
Só o velho moinho do acordeon da esquina
rodado a manivela de trabuqueta
sem mesura sem fim e sem vontade
dá voltas à solidão da realidade
Mário Cesariny
Um dia de sol para ti
Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada! (...)
Sê
beijo
E desde quando é que os Imortais morrem?... Não. Ele continua por aqui, rodeado por uma nuvem de fumo, a observar-nos, irónico...
Enviar um comentário