27 novembro, 2006

não podia deixar passar

"Estou num pedestal muito alto, batem palmas e depois deixam-me ir sozinho para casa. Isto é a glória literária à portuguesa.” Mário Cesariny, autor destas palavras, morreu na madrugada de ontem, aos 83 anos, vítima de doença prolongada, realizando-se o funeral, pelas 14h00 de hoje, do Palácio Galveias para o Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.

Notícia publicada no jornal Correio da Manhã. A fotografia tem a mesma origem.

Jornalista: Marta Vitorino

http://www.correiomanha.pt/

11 comentários:

Miguel disse...

Que tenha paz e companhia, agora.

Maria disse...

Importante assinalar aqui o passamento de Cesariny.

Ana disse...

Como muitos, mais justiçado na hora da morte do que nas da Vida.
Ironias de um tempo e de um País.

Unknown disse...

Uma homenagem a quem merece fica sempre bem.

marinhiroaguadoce a navegar

Joana disse...

Pois é Amigo...as almas brilhantes também partem!

"Faz-me o favor...

Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.

É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és não vem à flor
Das caras e dos dias.

Tu és melhor - muito melhor!
Do que tu. Não digas nada. Sê
Alma do corpo nu
Que do espelho se vê."

Mário Cesariny

Para ti bom AMIGO, que sabes sempre o que eu quero dizer!

Beijo grande e abraço terno

DIGNIDADE disse...

Olá!
Felicito-te pela homenagem a um Homem, com o dom da palavra escrita!
À sua memória!

kurika disse...

À sua memória!!!

"Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um abraço teu me procura


Em todas as ruas te procuro
em todas as ruas te perco"

Mário Cesariny


Um beijinho e bom dia

stela disse...

Para não variar, agora devem fazer um documentário sobre a sua vida. Falar dele, lembrar algumas coisas... se calha até uma homenagem ou um qualquer prémio... só que ele já morreu e não vai ver... isso chateia-me sempre!
bjs

rascunhos disse...

"O navio de espelhos"

VII.

Tantos pintores

A realidade, comovida,agradece
mas fica no mesmo sítio
(daqui ninguém me tira)
chamado paisagem


Tantos escritores

A realidade,comovida,agradece
e continua a fazer o seu frio
sobre bairros inteiros,na cidade
e algures


Tantos mortos no rio

A realidade,comovida,agradece
porque sabe que foi por ela o sacrifício
mas não agradece muito
Ela sabe que os pintores
os escritores
e quem morre
não gostam da realidade
querem-na para um bocado
não se lhe chegam muito
pode sufocar

Só o velho moinho do acordeon da esquina
rodado a manivela de trabuqueta
sem mesura sem fim e sem vontade
dá voltas à solidão da realidade


Mário Cesariny


Um dia de sol para ti

segurademim disse...

Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada! (...)




beijo

Anónimo disse...

E desde quando é que os Imortais morrem?... Não. Ele continua por aqui, rodeado por uma nuvem de fumo, a observar-nos, irónico...